O internacional português de râguebi José Lima continua a sonhar com “uma boa campanha” pela seleção lusa e o “apuramento para o Mundial”, apesar das “partidas” que a vida lhe tem pregado no último ano e meio.
O eborense, que alinha no Carcassonne, do segundo escalão profissional francês, voltou aos relvados em janeiro, após cumprir 12 meses de suspensão devido a um controlo antidoping positivo, mas só teve tempo de disputar quatro partidas antes de a pandemia de COVID-19 o voltar a impedir de jogar, agora por tempo indeterminado.
“Foi duro e triste, porque finalmente podia voltar a fazer o que mais gosto e durou pouco. Mas não podemos ser egoístas. Esta é uma situação grave, que afetou muitas famílias, e só tenho de agradecer por todos os meus familiares e amigos se encontrarem bem. O râguebi é sempre secundário nestas situações”, desvalorizou hoje o três quartos de centro, em entrevista à Lusa.
Perante mais esta contrariedade, Lima continua a treinar-se em França, com material cedido pelo Carcassonne, que ocupava o 11.º lugar da Pro D2 no momento da interrupção e posterior cancelamento do campeonato, garantindo que voltará “mais forte” na próxima época.
“Agarro-me à paixão que tenho pelo râguebi e que me trouxe até aqui. Depois tento perceber porque é que a vida me tem pregado estas partidas, usar isso a meu favor e aproveitar estas pausas forçadas para tratar do meu corpo, de lesões antigas e crescer mentalmente”, explicou.
Dono de 32 internacionalizações pelos ‘lobos’, Lima voltou também a envergar a camisola de Portugal em fevereiro, no triunfo por 22-11 sobre a Roménia, e pela primeira vez ao lado do seu irmão, João Lima, jogador da geração bicampeã europeia de sub-20, para a qual o elemento mais velho do ‘clã’ pode servir como ‘ponte’ entre as duas gerações de ‘ouro’ do râguebi português.
José Lima estreou-se por Portugal aos 18 anos, em 2010, numa derrota (17-22) com os Estados Unidos, como titular numa equipa onde alinharam ainda nove jogadores que estiveram na histórica campanha do Mundial França2007. Hoje, considera que “há muita qualidade” nos jovens jogadores dos ‘lobos’, mas lembra que “esta geração ainda nada fez”.
“Não é uma advertência, é a realidade! Ganhámos à Roménia, mas isso quer dizer pouco. Eles têm noção do seu potencial, mas é preciso continuar a treinar e a trabalhar para chegar ao nível que tivemos no passado, com os pés assentes na terra e a trabalhar como nos últimos meses”, apontou o antigo jogador do Évora e da Agronomia.
E por “chegar ao nível” do passado, Lima entende ser capaz de “disputar o torneio das Seis Nações B”, assim como os “apuramentos para o Mundial” e ainda “voltar ao circuito mundial” na variante de ‘sevens’.
“A outra geração conseguiu feitos históricos, esta ainda não. Tem condições para fazer, pelo menos, os mesmos resultados, mas é muito difícil prever o futuro. Há muita qualidade e bastante quantidade, pelo que conheço há potencial para resultados bastante interessantes”, analisou o profissional português.
Aos 28 anos, e com contrato com o Carcassonne até 2023, mas com uma cláusula que lhe permite sair para um clube do ‘Top 14’, o profissional português não faz, ainda assim, grandes projeções para o futuro, assegurando apenas que quer “aproveitar o tempo” que ainda tem para jogar e que vai “continuar a estar preparado” para tudo o que acontecer.
Quanto à suspensão, devido a um controlo positivo a solupred, um corticoide que lhe foi administrado por um fisioterapeuta do clube no dia do embate contra o Colomiers, em 07 de setembro de 2018, já “pertence ao passado”.
“Foi um erro da equipa médica. É um medicamento autorizado para tratamento e terapêutica, mas proibido em dia de competição e o fisioterapeuta deu-mo sem o conhecimento do médico. Não era um jogo importante para correr um risco desses e, se soubesse, naturalmente não teria jogado”, explicou José Lima.
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