“Incrível” foi a palavra escolhida por Susana Veiga para descrever a conquista do título de campeã europeia dos 50 metros S9, nos campeonatos continentais de natação adaptada, que terminaram no sábado no Funchal.

“Esta vitória foi incrível, estou quase sem palavras, nem acredito”, disse Susana Veiga, no final da prova, na qual também estabeleceu novo recorde europeu, ao nadar em 28,85 segundos.

A nadadora, que nos Europeus de 2018 conquistou a medalha de prata e é também vice-campeã mundial da distância, fez questão de sublinhar que o momento “é de toda a gente” que a apoiou.

Nuno Quintanilha, treinador de Susana Veiga, considerou que o ouro, que a nadadora junta à prata conquistada nos 100 metros livres, é a prova de que “é preciso acreditar até ao fim”.

“Ela trabalhou, acreditou e aconteceu, é assim que tem de ser, acreditar até ao fim. Ela provou que merece estar nos Jogos [Paralímpicos], merece estar em todo o lado”, afirmou o técnico, após a prova, na qual a portuguesa se impôs às espanholas Sarai Gascon (29,30) e Nuria Marques Soto (30,71), que conquistaram a prata e o bronze, respetivamente.

Susana Veiga chegou à natação adaptada há três anos, depois de vários anos na natação pura. Uma paralisia na perna direita, quando tinha pouco mais de um ano, ‘empurrou-a’ para a piscina.

“Cheguei à natação por recomendação médica, porque quando comecei a recuperar da paralisia perceberam que havia sequelas, nomeadamente um encurtamento do fémur e falta de mobilidade na perna direita”, conta.

Hoje, com 21 anos, e três medalhas em grandes competições de natação adaptada, Susana Veiga ambiciona chegar mais longe, e traça a presença nos Jogos Paralímpicos Tóquio2020, para os quais Portugal tem assegurada uma quota feminina e quatro masculinas, como a próxima meta. Em junho saberá se vai estar em Tóquio2020.

“Só comecei na natação adaptada com 18 anos, depois de muitos anos na pura. Por isso, as medalhas nos 50 metros livres nos Europeus de 2018 e nos Mundiais em 2019 foram ambas uma surpresa”, afirma, admitindo que essas duas pratas a fizeram perceber que pode chegar mais longe.

“A verdade é que percebi que posso sonhar mais alto, ter mais ambições”. O sonho realizou-se nos Europeus do Funchal, onde subiu duas vezes ao pódio para receber um ouro e uma prata.

Fora da piscina, Susana está focada na licenciatura em Educação Básica, que frequenta no Instituto Politécnico de Lisboa, depois de ter passado pelo Instituto Superior Técnico.

A nadadora, do Clube de Natação do Colégio Vasco da Gama, em Meleças, no concelho de Sintra, admite que a pandemia de covid-19 e os confinamentos por ela ditados “complicaram” um pouco a vida aos atletas.

“No ano passado, estivemos parados entre março e maio. Desde aí temos conseguido treinar”, refere, lembrando que os Europeus, que hoje terminam, foram a primeira grande prova internacional desde o início da pandemia, em março de 2019, e também serviram “para perceber como está a concorrência”.