O ensino da natação sempre aconteceu em águas movimentadas na ilha cabo-verdiana de São Vicente, mas agora vai passar a ser também em águas paradas, para educar e criar campeões, numa Piscina Oceânica montada pelo Ministério do Mar.
“Ficámos entusiasmados porque é uma realidade que estamos a reclamar há muito tempo, porque ensinar numa piscina é diferente do que ensinar em água em movimento forte”, disse à agência Lusa Antão Francisco Pio, presidente da Escola de Natação e Salvamento Aquático Etnasa, uma de duas escolas de natação existentes em São Vicente.
Inaugurada em 01 de agosto de 2021 na praia da Laginha, a Piscina Oceânica é um projeto do Ministério do Mar, que irá permitir o ensino da natação, formação de nadadores-salvadores e formadores, atividades terapêuticas e realização de provas da modalidade.
E quem vai beneficiar do equipamento desportivo é a escola Etnasa, que sempre ensinou natação e fez outras atividades nas praias da Laginha e na Baía das Gatas, mas em águas muito movimentadas, sendo que em raras vezes utilizam piscinas privadas.
Além do ensino da natação, a Etnasa, fundada em 19 de março de 2005, dá formação profissional na área de salvamento aquático e em áreas de primeiros socorros.
“Nós ficamos contentes, fomos convidados para participar na inauguração da Piscina Oceânica, que está muito bem estruturada”, avaliou o também sindicalista na reforma, presidente desta escola, em declarações à agência Lusa.
Neste momento, a escola está em processo de formação de monitores e prevê entregar um projeto ao Ministério do Mar em dezembro para arrancar com o ensino já no início do próximo ano.
Como ainda não há um fundo para a piscina, o ensino da natação ainda não começou, mas a infraestrutura já pode ser usada por pessoas que já sabem nadar.
E assim que for possível o ensino para crianças, Antão Francisco Pio prevê o nascimento de novos campeões de natação na ilha de São Vicente.
“A ideia é essa. E o objetivo da nossa escola, desde sempre, era formar atletas para representar Cabo Verde a nível nacional e internacional, porque nós damos formação na base do ensino de natação, ensinamos desde o zero até aos seniores e também damos formação de nadadores-salvadores, que estão espalhados pela maior parte das nossas ilhas”, frisou o presidente da escola, com um corpo técnico de sete pessoas encarregadas pela formação dos alunos.
Nas declarações à Lusa, o presidente da Etnasa que a Piscina Oceânica da Laginha “veio um pouco tarde”, não fosse Cabo Verde um país rodeado de mar.
“Este projeto de desenvolvimento do desporto aquático devia estar bem adiantado em relação ao tempo desde a nossa independência”, salientou Antão Pio, para quem a partir de agora a natação e os desportos aquáticos no geral podem dar um salto em Cabo Verde.
O responsável pediu, no entanto, mais apoios, atendendo que a infraestrutura vai movimentar a economia e o turismo na ilha de São Vicente.
De acordo com o Ministério do Mar, a Piscina Oceânica da Laginha é um projeto-piloto que irá permitir estudar a viabilidade de outras infraestruturas semelhantes em outras praias do país.
“A Piscina Oceânica da Laginha (tal como outras que serão instaladas) é um equipamento que irá permitir que a população em geral tenha um melhor conhecimento do mar de modo a reduzir o número de acidentes e incidentes que têm ocorrido anualmente nas nossas praias”, deu conta aquele ministério cabo-verdiano, o único com sede em São Vicente.
A piscina é dividida em três partes, sendo a maior com dimensões de 25 metros por 10 metros e as duas menores de 12 metros por cinco metros cada.
*** Ricardino Pedro, da agência Lusa ***
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