O Governo da Malásia reiterou hoje que o país vai recusar a participação de atletas israelitas numa competição de natação, em julho, e garantiu que vai deixar de receber eventos em que Israel participe.

Forte defensora da causa palestiniana, a Malásia está entre os países predominantemente muçulmanos que não têm relações diplomáticas com Israel.

Nadadores israelitas continuam assim impedidos de participar numa competição no estado de Sarawak, em julho, que serve como qualificação para os Jogos Paralímpicos Tóquio 2020, apesar da pressão exercida pelo Comité Paralímpico Internacional.

A decisão tinha foi anunciada na semana passada pelo primeiro-ministro malaio, Mahathir Mohamad, e foi agora reiterada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Saifuddin Abdullah.

"O gabinete também decidiu que a Malásia não vai receber mais eventos que envolvam Israel e os seus representantes. Isto é, para mim, uma decisão que reflete a posição firme do Governo sobre a questão israelita", declarou Saifuddin, depois de se encontrar com uma coligação de grupos muçulmanos.

Os grupos haviam submetido um memorando a incitar o Governo a manter a proibição e a não repetir "erros do passado".

Saifuddin disse que a causa palestiniana não era apenas uma questão religiosa, mas também uma violação dos direitos humanos. "Trata-se de lutar em nome dos oprimidos", argumentou.

Na semana passada, Mahathir Mohamad disse que o Comité Paralímpico Internacional pode retirar o direito da Malásia a receber o campeonato de 29 de julho a 04 de agosto, que envolve atletas de cerca de 70 países, “se assim o desejar”.

O Comité mostrou-se desapontado com os comentários de Mahathir, mas disse esperar encontrar uma solução para o problema.

Esta não é a primeira vez que a Malásia impede atletas israelitas de competir em eventos desportivos no país.

Em 2015, dois windsurfistas israelitas falharam uma competição na ilha de Langkawi, depois de as autoridades malaias terem recusado o visto de entrada no país.

No ano seguinte, a Malásia decidiu não acolher uma conferência de 2017 da FIFA, entidade máxima do futebol mundial, por estar prevista a participação de uma delegação israelita.

No entanto, no início deste ano o Governo malaio permitiu que uma delegação israelita participasse numa conferência da ONU em Kuala Lumpur, o que desagradou fortemente a vários grupos muçulmanos.