O presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), António José Silva, considerou hoje “completamente inexplicável e incompreensível” que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) tenha retirado o apoio à organização dos Europeus de piscina curta em 2021.
A FPN anunciou na segunda-feira a renuncia à organização dos Europeus de 2021, justificando-a com a alteração das condições do apoio prometido pela CML, que hoje fundamentou a decisão com o aumento do orçamento da prova para 4,5 milhões de euros.
“Não há aumento nenhum do orçamento para 4,5 milhões de euros. O que existe é, após atribuído o Europeu, uma apresentação do orçamento final da prova correspondente a esse montante, mas sem que a câmara tivesse que assumir valores superiores ao que tinha inicialmente acordado”, referiu António José Silva à Lusa.
O “insólito desta questão”, de acordo com o presidente da FPN, é que na reunião da semana passada com as partes envolvidas, governo e CML, “nunca foi discutido qualquer valor e apenas foi comunicado que a autarquia saia do processo”.
“O que ficou assumido por parte da Câmara Municipal de Lisboa desde sempre em todo o processo foi: o espaço, que seria o Altice Arena, as piscinas para os campeonatos e o sistema de transportes”, clarificou António José Silva.
Segundo o dirigente, que considerou ter havido uma “alteração política, estratégica e de prioridades”, estas foram as responsabilidades assumidas e reassumidas pela edilidade lisboeta em todas as reuniões que manteve com a federação.
“A FPN sempre se disponibilizou até à última hora, mesmo atrasando o prazo da entrega do contrato à LEN [Liga Europeia de Natação], ate fim de março, para contribuir para a resolução de qualquer problema que pudesse surgir”, explicou o dirigente.
Quando a FPN foi confrontada com a solicitação de uma reunião para 18 de março, na Secretaria de Estado da Juventude e Desporto (SEJD), pensava que “as coisas estavam resolvidas”.
“Quando chegámos à reunião foi-nos comunicado pela Câmara Municipal de Lisboa que, face ao tempo apertado para a tomada de decisão, saía do processo”, disse António José Silva, considerando esta posição “completamente inexplicável e incompreensível”.
Segundo o dirigente, “nem sequer foi discutido o orçamento” e a Câmara Municipal de Lisboa “saiu do processo sem sequer falar em valores”.
“Nós nunca falamos em valores à CML. O que lembrámos foi o compromisso assumido por Duarte Cordeiro [ex-vice-presidente da autarquia e atual secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares] nas reuniões prévias que tivemos, referente às piscinas, espaço e do sistema de transportes”, disse.
A renúncia à organização do Europeu de 2021 não terá qualquer penalização por parte da Liga Europeia de Natação, porque a Federação Portuguesa de Natação adiou a entrega do contrato assinado até ter a clarificação da Câmara Municipal de Lisboa relativamente a este assunto.
“Não querendo comprometer a viabilidade da qualidade organizativa do evento e o futuro da natação nacional, a FPN comunicou à LEN a desistência desta organização”, referiu o organismo num comunicado emitido na segunda-feira.
Já hoje, a Câmara Municipal de Lisboa reconheceu a ambição em ser Capital Europeia do Desporto em 2021, mas assinalou que isso “não pode pôr em causa todos os projetos desportivos que colocam Lisboa como uma cidade de referência mundial no plano desportivo”.
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