O português Tiago Monteiro, antigo piloto de Fórmula 1, disse esta quarta-feira acreditar que o espanhol Fernando Alonso (Alpine) ainda se poderá "arrepender" de ter regressado ao Mundial após dois anos de ausência.
O português, que disputou o Mundial de Fórmula 1 em 2005 e 2006, anos em que o título foi conquistado precisamente pelo asturiano, cruzou-se com dois dos atuais elementos do pelotão, que, entre sexta-feira e domingo, vão disputar em Portimão o Grande Prémio de Portugal, terceira prova da temporada.
Tiago Monteiro partilhou a grelha com Fernando Alonso e com o finlandês Kimi Räikkönen, que, depois de se sagrar campeão em 2007, pela Ferrari, fez uma pausa de dois anos em 2010 e 20ti11 para se aventurar no Mundial de Ralis, antes de regressar à Fórmula 1 em 2012.
Também o piloto espanhol esteve afastado dois anos das pistas, pelo que Tiago Monteiro acredita que se "perde sempre alguma coisa" em termos de desempenho.
"O problema é sempre o das expectativas. Mais do que o Räikkönen, que está ainda há mais anos e é uma pessoa diferente, está já numa fase mais descontraída, o Alonso voltou para uma equipa com potencial maior, para andar na frente e ganhar corridas, mas neste momento não está a ser fácil", diz o atual piloto da Honda na Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR).
O piloto portuense reconheceu que Alonso "é um dos maiores lutadores que existe na Fórmula 1, com mais garra". "Qualquer um que tivesse oportunidade de voltar, voltava se estivesse confiante de que andaria nos lugares da frente. No caso do Alonso, as oportunidades vão surgir", sustentou Monteiro.
O piloto da Honda, que também já enfrentou uma paragem de ano e meio, devido a lesão, explicou que, com o afastamento das pistas, "perde-se sempre alguma coisa". "Parando três ou quatro meses já se perdem algumas coisas, e bastantes. Parando dois anos, perde-se muitas mais", sublinhou.
Tiago Monteiro lembrou que "hoje em dia não se pode treinar muito", pelo que é necessário "voltar a entrar no ritmo, adaptar-se à rapidez, ao carro". "É mais a parte de reflexos e rapidez de análises de momento [que se perde]. E a tecnologia. Alteraram-se muitas coisas desde a última vez que ele [Alonso] andou", assinalou.
Ainda assim, o piloto português acha que Alonso, que soma uma desistência e um 10.º lugar em 2021 "adaptou-se muito bem". "Está a ser comparado com os melhores do mundo, que não pararam. Eu parei um ano e meio e senti que foram precisas umas sessões valentes de treino em pista para regressar ao nível", explicou Monteiro.
De qualquer forma, conhecendo o asturiano, o português é lesto a responder quando questionado sobre um eventual arrependimento de Alonso no regresso.
"É gajo para se arrepender. Mas acho que fez bem. Se ele teve a vontade, a oportunidade de voltar para uma equipa como a Alpine, não me admira que tenha voltado. Há sempre a vontade de mostrar mais. Acho que ainda vai dar cartas. Mas, com o feitio dele, não é impossível chegar a meio da temporada e fartar-se, se as coisas não evoluírem de forma positiva", vaticinou.
Monteiro também identificou "diferenças" entre a geração de pilotos com quem dividiu a grelha e a atual, sobretudo ao nível "da formação".
"Para se ser um bom piloto de Fórmula 1 tens de ter uma fibra especial e essa formação de lutador e resiliência muito grande. Não é tanto pela geração, mas mais pela formação de Fórmula 1. Na minha altura havia pilotos que chegavam com talento mas sem estofo para aguentar a pressão e isso é igual ao que se passa hoje em dia", frisou.
Instado a antever o Grande Prémio de Portugal, Monteiro apontou como favorito o britânico Lewis Hamilton (Mercedes), heptacampeão do mundo e vencedor da corrida de Portimão em 2020.
"O favorito continua a ser o Hamilton. Mas estou a gostar de ver a Red Bull a aproximar-se e a darem luta à Mercedes. A McLAren também. Há equipas que estão a aproximar-se", assinalou.
Tiago Monteiro deixou a Fórmula 1 no final de 2006, tendo passado para os carros de turismo, iniciando a nova temporada em 5 de junho, com o objetivo de "lutar pelo título".
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