O francês Sébastien Ogier (Ford Fiesta) conquistou hoje o sétimo título mundial de ralis da sua carreira, recuperando um domínio de seis anos, apenas interrompido em 2019 pelo estónio Ott Tanak.
Ogier é o segundo piloto mais vitorioso na disciplina, apenas atrás do compatriota, homónimo e antecessor Sébastien Loeb, sendo apenas o segundo a ser campeão por três marcas diferentes (Volkswagen, Ford e Toyota), igualando o feito do finlandês Juha Kankkunen, campeão com Peugeot (1986), Lancia (1987 e 1991) e Toyota (1993).
Curiosamente, Ogier apenas não conseguiu ser campeão com a Citroën, a marca que o lançou no mundo dos ralis, da qual saiu em 2012 por se sentir tapado por Loeb e à qual voltou em 2019 com o objetivo de ser campeão, após seis títulos consecutivos.
No entanto, o casamento com a marca francesa não resultou e durou apenas um ano, tendo antecipado o divórcio, trocando o duplo Chevron pela japonesa Toyota, aonde foi ocupar o lugar deixado vago pelo recém-campeão Ott Tanak.
Cada vez mais longe da sombra do compatriota, Ogier distingue-se pelo trato fácil e simpatia, igualando os dotes na condução. Casado com uma apresentadora alemã de televisão, com quem tem um filho de quatro anos, tem na família um importante suporte.
O amor pela competição começou a ver os troços do rali de Monte Carlo, que passam literalmente à porta de casa. Trabalhou como mecânico e instrutor de esqui, antes de ver as portas dos ralis abrirem-se numa formação de preparação de carros de competição.
Como a equipa para a qual trabalhava já participava no Rally Jeunes, prova de captação de talentos, um dia decidiu inscrever-se. Foi quanto bastou para começar a fazer história.
Daí ao Mundial de Juniores foi um ‘passinho’, que o fez aterrar na Citroën Junior Team em 2009.
Alcançou a primeira vitória no ano seguinte, precisamente em Portugal, causando espanto por ter batido o então incontestado Loeb.
O triunfo no Algarve levou os responsáveis da Citroën a colocarem um carro oficial nas mãos do seu jovem pupilo na segunda metade do campeonato de 2010 e Ogier não desiludiu, tendo vencido no Japão e terminado em segundo lugar no difícil Rali da Finlândia.
Em 2011, venceu cinco provas, reeditando o sucesso em Portugal, mas terminou o Mundial no terceiro lugar. A convivência com Loeb não foi pacífica e Ogier deixou a Citroën no fim da temporada, por considerar que nunca poderia ser campeão enquanto o compatriota estivesse na equipa.
Ogier apostou na Volkswagen e no desenvolvimento do Polo R WRC, que apenas faria a estreia oficial na época seguinte, o que o levou a participar no campeonato de 2012 ao volante de um pouco competitivo Skoda Fabia S2000, tendo como melhor resultado um quinto lugar, na Itália.
A entrada da Volkswagen no Mundial de Ralis, em 2013, não poderia ter sido mais triunfante, com Ogier a vencer nove das 13 provas, beneficiando do facto de Loeb ter participado apenas em ‘part time', ainda assim impondo-se em dois dos quatro ralis que disputou.
Ogier e a Volkswagen prolongaram o sucesso nos três anos seguintes, em 2014, 2015 e 2016, até que o surpreendente abandono da competição por parte da marca alemã levou o francês a procurar uma nova ‘casa', optando pela M-Sport, sempre com o compatriota Julien Ingrassia como copiloto do Ford Fiesta.
Sem perspetivas de evolução, em 2019 regressou à Citroën, sem sucesso.
Ameaçou com o final de carreira para se ver livre do contrato com os franceses e acabou por rumar à Toyota, órfã de Tanak.
A vitória obtida hoje no Rali de Monza permitiu a Ogier assegurar a conquista do título de 2020, apesar de ter partido com 14 pontos de atraso para o galês Elfyn Evans (Toyota), que se despistou sábado no gelo italiano.
A pandemia levou o piloto natural de Gap a adiar a ideia de reforma, que tinha prevista para o final deste ano, renovando por mais um ano com a equipa nipónica. Contudo, hoje mesmo tratou de avisar que será o último da carreira.
Antes desta prova, Ogier considerou que o título de 2020 não teria o mesmo sabor de um ano normal, devido aos constrangimentos provocados pela pandemia do novo coronavírus, que obrigou ao cancelamento de diversas provas, incluindo o Rali de Portugal, deixando o calendário com apenas sete rondas pontuáveis.
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