Para o rali Serras de Fafe estão inscritos 26 carros R5, uma categoria criada pela Federação Internacional do Automóvel (FIA). Apenas dois anos antes, em 2017, eram apenas 13 os veículos desta categoria presentes na prova de abertura do nacional.
"O campeonato está muito aliciante. Há uma euforia enorme. Os carros que permitem lutar pelos primeiros lugares estão a preços mais acessíveis e a própria manutenção não é a mesma dos WRC [World Rally Car)], que era muito elevada. Isso atrai muitos investidores que compram carros para depois os alugar", explicou à Lusa o antigo campeão nacional Miguel Campos (2002).
O piloto de Famalicão não estará presente na prova de abertura do campeonato de 2019 por falta de apoios, mas espera vir a participar "em algumas provas ao longo da época", incluindo o Rali de Portugal (de 30 de maio a 02 de junho).
De acordo com o antigo campeão, "cada R5 custa cerca de 260 mil euros novo" e um piloto, "numa época, para andar nos lugares da frente, gasta mais 300 ou 400 mil euros em peças e testes, para ter uma fiabilidade constante".
Em Fafe, na sexta-feira, estarão presentes 26 carros R5, sendo que, destes, oito são de pilotos espanhóis e dois de pilotos chilenos, de um total de 59 inscritos, o que implica um investimento inicial superior a seis milhões de euros.
Em 2018, eram 21 os carros da categoria R5 entre os 38 inscritos, três deles estrangeiros (dois espanhóis e um britânico). Em 2017 e 2016 participaram 13 R5 na prova de abertura do campeonato.
Para José Pedro Fontes, antigo bicampeão nacional (2015 e 2016) e promotor do Iberian Rally Trophy (IRT), que em 2018 foi considerado o melhor troféu de ralis da Europa, a implementação desta categoria e o cenário económico são os principais responsáveis por este crescimento.
"São carros que têm cerca de 300 cavalos e que estão ao nível de um WRC da década passada", sublinha.
Isto porque atualmente "é possível a qualquer piloto privado comprar um R5 igual ao dos pilotos oficiais". "Isso gera mais espetáculo, que atrai mais público", diz José Pedro Fontes, convicto que "em Fafe haverá uma enchente como há muito não se via fora de um clássico de futebol".
Por outro lado, o troféu ibérico, para carros de duas rodas motrizes, veio ajudar a compor as listas de inscritos.
"Enquanto há quatro anos tínhamos apenas quatro ou cinco carros de duas rodas motrizes nas provas, atualmente temos 30. Isso cria dinâmica e uma coisa puxa a outra", aponta José Pedro Fontes.
Já Miguel Barbosa, que em 2016 trocou o campeonato nacional de todo-o-terreno, que venceu sete vezes (de 2007 a 2013 e em 2015) pelo de ralis, vê em 2019 um "supercampeonato", com uma "mão cheia de campeões".
No entanto, Barbosa, que também já foi campeão nacional de velocidade (2014), entende que o esforço "tem de ser global": "Federação, comunicação social, clubes, todos fazem parte do mesmo bolo e devem contribuir".
"A uma semana da primeira prova há pouca divulgação para o nível de investimento e dos pilotos envolvidos", sentencia.
Pelo mesmo diapasão afina o campeão nacional, Armindo Araújo, que diz que "a envolvência mediática torna o campeonato muito mais competitivo".
"Cria-se uma dinâmica positiva. Quantos mais pilotos e carros bons houver, existe mais atenção da comunicação social, o que atrai mais público e, consequentemente, mais patrocinadores. Agora temos é de aproveitar o bom momento", conclui.
O Campeonato de Portugal de Ralis arranca sexta-feira, com o Rali Serras de Fafe, primeira das nove provas previstas no calendário.
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