Romain Grosjean falou pela primeira vez, de forma mais detalhada, sobre o acidente que teve no Grande Prémio do Bahrein no último domingo. O piloto francês da Haas esteve 26 segundos envolto em chamas, antes de ser retirado pelos comissários de pista.

Em entrevista à TFI, o francês recordou os 28 segundos após o impacto do seu monolugar nas barreiras de proteção.

"Não sei se existe a palavra milagre ou se pode ser usada, mas de qualquer forma posso dizer que não era o meu momento. Pareceu muito mais do que 28 segundos. Vi a minha viseira ficar cor de laranja, vi chamas do lado esquerdo do carro. Pensei em muitas coisas, incluindo no Niki Lauda, e que não era possível acabar assim, não agora, a minha história da Fórmula 1 não podia terminar daquela forma [...]. Pensei nos meus filhos. Disse para mim mesmo que tinha de sair dali. Coloquei as mãos no fogo, senti o chassis a arder. Quando saí, senti alguém a puxar-me pelo fato, sabia que estava a salvo", contou o francês.

Grosjean contou que Simon, filho mais novo, de cinco anos, acredita que o pai tem poderes mágicos: "O meu filho mais velho, Sacha, que tem 7 anos, é mais racional, ele tenta entender. O mais novo fez um desenho. 'As feridas que o papá tem nas mãos'", disse.

"Estava com mais medo pela minha família e amigos, obviamente pelos meus filhos, que são a minha maior fonte de orgulho e energia, do que por mim. Penso que haverá algum tipo de trabalho psicológico a partir de agora porque realmente vi a morte à minha frente. Nem em Hollywood vemos imagens como aquela. É o maior acidente que já vi em toda a minha vida. O carro a arder, a explodir, a bateria em chamas, tudo acrescentou energia ao impacto. [...] Devo dizer que é bom estar vivo e ver as coisas de forma diferente. Mas também tenho de voltar ao carro, se possível em Abu Dhabi, para terminar a minha história na Fórmula 1 de forma diferente. Foi como se tivesse nascido uma segunda vez. Sair das chamas naquele dia vai marcar a minha vida para sempre, lembrou.

Logo na primeira volta do GP Bahrain, a 15.ª e antepenúltima corrida da temporada, o carro do piloto francês tocou no Alpha Tauri do russo Daniil Kvyat e foi embater nas barreiras logo após a terceira curva, partindo-se em dois. O combustível incendiou-se e envolveu o Haas numa bola de fogo.

Grosjean conseguiu sair do habitáculo pelos próprios meios, 28 segundos após o acidente, mas sofreu ligeiras queimaduras nos pulsos e tornozelos, num acidente que podia ser trágico. Acabou por ser salvo pelo Halo, um dispositivo de proteção introduzido há poucos anos na Fórmula 1 e que nem sempre reuniu consenso entre os pilotos, entre eles o francês, crítico do sistema por perturbar a visão.