Dezenas de idosos de Marco de Canaveses vestiram fatos, luvas e capacetes, esta quarta-feira, para experimentar as sensações de conduzir um ‘kart’ de competição e mostrar aos mais novos que ainda "estão aí para as curvas".
Para o Centro Social de Carvalhosa, que promoveu a atividade, pretendeu-se sensibilizar a sociedade para a ideia de que "os idosos são muito úteis", como disse à Lusa o diretor técnico, José Carlos Coelho.
A manhã já ia alta, por entre a ansiedade de uns e o entusiasmo de outros. Elas e eles, utentes do Centro Social de Carvalhosa, aceleraram nas curvas e contracurvas do kartódromo de Baltar, em Paredes, no distrito do Porto, sob o olhar atento dos instrutores, para que "nada de mal" acontecesse aos anciãos.
Augusta Babo, com quase 90 anos, foi uma das primeiras a sentar-se ao volante do bólide. Sempre sorridente, falou das emoções fortes que sentiu, mas "sem nervosismo".
Assinalando ser natural de Lisboa, disse gostar muito de desporto e de até já ter experimentado andar de todo-o-terreno.
Enquanto isso, os motores já se ouviam na pista, com os monologares guiados, uns mais depressa, outros a ritmo de passeio, pelos idosos que tiveram o privilégio de abrir a pista, aplaudidos a cada passagem pela reta da meta.
Maria Queirós, 80 anos, já depois de ter visto a bandeira de xadrez que indicava o fim das suas voltinhas, aparentava um pouco de nervosismo, acabando por confessar que também gostou. "A gente vai com um bocadinho de medo", referiu à Lusa, enquanto admitia não saber conduzir, nem sequer ler.
A octogenária deixou uma mensagem elogiosa ao centro social: "Lá temos muitas coisas para sair. Gosto muito do centro, estamos lá muito bem".
Manuel Peixoto, de 64 anos, era um dos utentes mais animados, deixando mensagens de encorajamento aos companheiros mais ansiosos.
À Lusa, sorridente, contou que já conduziu um "papa-reformas", um veículo de quatro rodas que apenas obriga a uma subcategoria da carta de condução.
"Estávamos todos ansiosos que chegasse o dia. Está a ser muito fixe", comentou, recordando que "o mais importante" é o convívio.
Reforçando a importância das atividades de lazer promovidas pela instituição, contou que quando ingressou no centro de dia, há alguns anos, estava doente e agora sente-se "espetacular", ideia reforçada pelo diretor técnico do centro social, José Carlos Coelho.
"Estas atividades trazem mais satisfação, mais alegria, mais bem-estar e, por conseguinte, melhor saúde, menos depressão", referiu à Lusa, deixando um exemplo: "Estamos num meio rural, temos aqui idosos que foram à praia pela primeira vez com as nossas atividades".
Insistindo na importância de proporcionar "atividades inovadoras" aos utentes, acrescentou: "A nossa dedicação é estar com eles. Estas atividades têm um foco, que é fazer participar os idosos na vida ativa e integrá-los".
Há dois anos, recordou, os idosos daquele centro social tiveram um batismo de voo, numa viagem entre o Porto e Lisboa, no ano passado participaram em atividades de 'paintball', para além de uma ida à discoteca, momentos partilhados nas redes sociais, onde alguns dos idosos já partilham fotos e vídeos, para gáudio de familiares e amigos.
Para o ano, já se pensa, como atividade radical, num passeio em balão de ar quente.
A instituição tem vontade de prosseguir com estas atividades, esperando alguns apoios, anotou o diretor.
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