O português Bruno Correia, que em 2020 foi chamado de emergência para comissário desportivo no Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1, anteviu hoje um "duelo escaldante" entre Lewis Hamilton (Mercedes) e Max Verstappen (Red Bull).
Em declarações à agência Lusa, o antigo piloto e atual condutor do ‘safety car' nos campeonatos de Fórmula E e na Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR) diz que o circuito de Portimão, onde este fim de semana se disputa a 18.ª edição do GP de Portugal, "é propício" a duelos ‘ombro a ombro'.
"Ainda não aconteceu "a" situação [entre Verstappen e Hamilton]. São dois excelentes pilotos, com muita experiência. Nenhum dos dois quer estragar a sua imagem por uma situação idiota. Vão ter lutas justas. Mas acho que vai acabar o momento em que os dois vão encostar uma roda", sublinhou.
Pelo que conhece do Autódromo Internacional do Algarve, Bruno Correia acredita que "a pista é propícia a isso, muito desafiadora e tem de ser respeitada".
"Pelo facto de haver muitas curvas cegas, o ponto de travagem tem de ser muito certo. Eles passam em zonas em que é impensável qualquer outro tipo de carro passar. Pode propiciar mais o ‘ombro a ombro', pois o piloto faz mais a diferença", apontou.
Bruno Correia recordou que os pilotos já têm "outra leitura" do traçado, e que, "este ano, vão arriscar mais", apontando como casos disso a curva quatro e a curva cinco, assegurando que os "tempos por volta vão baixar".
Na edição de 2020 do GP português, Bruno Correia foi chamado à última hora para substituir como comissário desportivo Vitaly Petrov, devido à morte do pai do russo.
"O ano passado foi uma surpresa, por uma situação trágica. Estava a celebrar o aniversário da minha mulher, em Troia. O Michael Massi [diretor de corrida] ligou-me diretamente. Até pensei que era para lhe ir dar um abraço. Foi a minha primeira experiência como comissário desportivo", explica.
Os telefonemas de felicitações começaram logo "a chover de todo o mundo". "Tive de pôr o telemóvel em silêncio para poder ter um jantar tranquilo à luz das velas", contou à Lusa.
Sobre a corrida de 25 de outubro de 2020, Bruno Correia recordou-a como "relativamente tranquila".
"Só aquele toque do [mexicano] ‘Checo' Pérez com o [Max] Verstappen, na curva quatro. É uma curva sempre complicada, sobretudo no arranque. Mas foi um incidente de corrida, não houve nada de mais", explica.
Ao longo das 66 voltas houve, ainda, "uma manobra com o ‘Checo' na reta da meta, em que o [francês Pierre] Gasly vinha com o DRS já aberto e o Pérez fez uma manobra defensiva. Tivemos de lhe dar um aviso", recordou Bruno Correia.
Sobre o acidente entre o finlandês Valtteri Bottas (Mercedes) e o britânico George Russell (Williams) na prova anterior, no circuito italiano de Imola, o algarvio considerou-o "um incidente de corrida", em que as culpas "são repartidas".
"O Bottas deixou pouco espaço para o Russell, que também arriscou um bocado. Foi um incidente de corrida. O Bottas podia ter facilitado, mas ninguém está ali para facilitar. O Russell entusiasmou-se por estar a lutar com um Mercedes. Quer mostrar serviço. Mas o Bottas é um grande piloto. Tem um colega de equipa [Lewis Hamilton] que é um dos melhores da história", frisa Bruno Correia.
Sendo o titular do ‘safety car' da Fórmula E, Bruno Correia cruza-se com o compatriota António Félix da Costa, atual campeão do mundo nos carros elétricos. Por isso, acredita que o piloto de Cascais "tinha lugar na Fórmula 1".
"Obviamente que sim. Sem dúvidas nenhumas. Não é por ser português, mas é um piloto muito completo. Se tivesse tido oportunidade, assim como mostrou na Fórmula E, com um pelotão de pilotos inacreditável", concluiu.
O GP de Portugal é a terceira de 23 provas do Mundial de Fórmula 1 e disputa-se no AIA até domingo.
O britânico Lewis Hamilton chega à prova lusa na liderança, com 44 pontos, mais um do que Max Verstappen.
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