Miguel Guimarães deixou críticas à forma como a Direção-Geral da Saúde e a organização do Grande Prémio de Portugal lidaram com a realização do evento.
Em declarações à SIC Notícias, o bastonário da Ordem dos Médicos considera que não pode existir uma dualidade de critérios, ao permitir a presença de público no grande prémio, mas impedindo o movimento entre concelhos no próximo fim de semana.
"Autorizamos 27 mil pessoas que acabam por estar próximas umas das outras e algumas sem máscara. Não deixamos que as pessoas que queiram honrar os que já morreram possam ir aos cemitérios. Não podemos ter dois pesos e duas medidas", disse.
O bastonário revelou ainda a mensagem que um colega lhe enviou. O médico em causa revelou a falta de organização e de distanciamento nas bancadas.
"Eu tenho uma mensagem de um médico que foi à F1 e que chegou lá e foi-se embora. É um grande adepto da F1 e mandou-me isto: '(...) Estou na Fórmula 1 e digo-te que não há nenhum respeito pelas regras de confinamento. Os meus lugares na bancada são absolutamente em cima dos meus vizinhos, sem uma cadeira de intervalo. Muitas falhas na organização, vou-me embora e não venho amanhã [hoje, domingo]'", revelou.
Questionado sobre se o impacto económico da Fórmula 1 poderá ter tido efeito na permissão de público por parte da DGS, Miguel Guimarães foi perentório.
"Quando estamos a colocar nos dois pratos da balança a saúde e a economia... Se nós perdermos na saúde perdemos no país. (...) Não é um evento, por mais importante que ele seja, que por ser autorizado resolve os problemas da economia", disse.
Por fim, Miguel Guimarães apontou ainda que o prestigio do evento pode também ter tido um papel na autorização da DGS, mas realçou o efeito que as imagens das bancadas podem ter lá fora.
"Acho que o prestigio do evento levou a que a DGS tomasse uma decisão que se calhar merecia outra ponderação. Uma coisa é ocorrer cá e ser transmitido, outra coisa é ter assistência. Este evento foi transmitido para todo o mundo. Quando se mostra as imagens [das bancadas] que se mostraram não é bom para o país" , concluiu.
*artigo corrigido às 18h38 de 26 de outubro
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