O Estado “devia” ajudar os atletas de alta competição a estar “totalmente focados” na carreira e em representar bem o país, ao “garantir-lhes um futuro”, defende o presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, Vítor Félix.

“Em Itália e Espanha há abertura por parte do Estado para que a maior parte dos atletas em projetos olímpicos sejam incluídos em forças militares, como a polícia e exército (…), com um conforto através do vencimento. Quando acabam a carreira desportiva, têm outra à espera, seja militar ou na polícia”, exemplificou.

O dirigente considera que o Estado pode “salvaguardar” o pós-carreira destes atletas que “dão tudo pelo desporto e pelo seu país”, recordando que muitos não têm “tempo para conciliar a carreira académica e desportiva”.

“Não veria com maus olhos o Estado português enveredar por uma situação destas”, assume o dirigente, que dá como exemplo a “bem-sucedida” equipa de canoagem da República Checa, que está toda ligada à polícia.

Vítor Félix entende que essa solução pode ajudar a esbater problemas como os da canoísta Joana Vasconcelos, que não aceitou renovar contrato com o Benfica, que lhe propôs uma redução de valores de 40%, facto que se seguiu à extinção da secção de canoagem pelo Sporting.

“É lamentável o que se está a passar. Primeiro o Sporting a terminar com o projeto olímpico da canoagem e agora este desinvestimento que já se saberia que podia acontecer no Benfica…”, criticou.

Os igualmente olímpicos João Ribeiro e Teresa Portela, cujos contratos também terminaram em dezembro de 2020, receberam as mesmas propostas, enquanto os vínculos de Fernando Pimenta e Messias Baptista aos ‘encarnados’ só terminam após Tóquio2020.

“Esses cortes foram um fator comum a outras modalidades do projeto olímpico” do Benfica, revelou o presidente da FPC.

Estas situações recentes dos maiores clubes de Lisboa “preocupam” Vítor Félix, mais ainda por acontecerem a meses dos Jogos Olímpicos.

Vítor Félix assume estar “preocupado com a tranquilidade na preparação de atletas em ano tão importante como o dos Jogos Olímpicos quando já foram defraudados com o seu adiamento”.

O dirigente entende que “o seu bem-estar emocional está novamente ameaçado com os cortes nos contratos”, recordando que os atletas de Benfica e Sporting estão ao nível de “lutar pelas medalhas em Tóquio2020.