Após os quartos de final alcançados nos Jogos Europeus, decorridos em junho, na Polónia, a leiriense, atleta do Porto Breaking Club, voltou a obter um resultado positivo, que a deixa com uma das 40 vagas praticamente assegurada para a Qualifier Series, competição a realizar-se entre março e junho de 2024, donde sairão 10 das 16 apuradas para os Jogos Olímpicos.
Num percurso praticamente imaculado, Vanessa Marina apenas foi derrotada diante da vencedora da competição e campeã europeia, a ‘b-girl’ lituana Dominika Banevič, nas meias-finais, perdendo todas as três rondas, com resultados desfavoráveis de 6-3, 7-2 e 9-1 nas respetivas votações.
Tendo sido a única representante portuguesa na fase final da competição – apesar de a participação de vários atletas lusos nas rondas de pré-eliminatórias, na quarta-feira -, a atleta de 31 anos começou bem o dia, vencendo de forma fácil as três ‘battles’ no seu grupo, num total de cinco rondas e 45 votos conquistados.
Nos ‘quartos’, venceu a italiana Antilai Sandrini na terceira e decisiva ronda (17-10 em votos) e, após a eliminação nas meias-finais, ainda bateu de forma clara a francesa Sya Dembele para conquistar o último lugar do pódio.
Em declarações à margem do evento, Vanessa Marina assumiu que “não partiu confiante”, mas o apoio das pessoas que a envolvem permitiu-lhe “obter a mentalidade correta” para chegar a um histórico terceiro lugar e admitiu que o ‘fator casa’ lhe trouxe alguma pressão durante a prova.
Quanto às expectativas geradas a seu respeito, numa altura em que é uma forte candidata a ser novidade na comitiva olímpica portuguesa, a ‘b-girl’ não esconde o peso da responsabilidade perante uma oportunidade que poderá ser única na carreira.
“Preocupa porque é um marco importante, principalmente porque estou a competir com miúdas de praticamente metade da minha idade [31 anos] e que têm mais Jogos Olímpicos pela frente. Vamos ver como este corre para mim e, dependendo desse, vejo se faço o próximo”, augurou.
Foi a primeira vez que a competição integrou a World Series – Breaking for Gold, a quarta de cinco provas que têm o maior peso para a qualificação olímpica, e, segundo a organização, “marcaram presença cerca de 300 atletas de mais de 60 países”, em ano marcado pela celebração dos 50 anos da cultura hip hop, que tem no breaking uma das suas vertentes, e os 20 dos Momentum Crew, grupo português condecorado internacionalmente e parte organizadora do evento.
Max Oliveira, principal responsável pelo evento e membro dos Momentum Crew, vê com grande satisfação o crescimento da modalidade que se tornou olímpica, com a “inveja positiva” de a ter praticado numa era em que o ‘break dance’ não tinha tanta projeção e mostrou-se convicto nas hipóteses de Vanessa Marina.
“Ela está sempre nos 25% da tabela, portanto acho que ela tem todas as possibilidades de ir e tenho muito orgulho porque a quota de participação é muito pequena. São só 16 mulheres e 16 homens, é minúscula, portanto, se conseguirmos ter algum atleta, já é muito importante para o nosso país e uma grande honra. A Vanessa vai encontrar a dificuldade da competição, da lesão. Eu costumo dizer que isto tem a ver com a avaliação holística: ‘body, mind and soul’ [corpo, mente e alma]”, concluiu.
Dominika Banevic, que venceu a norte-americana Logan ‘Logistx’ Edra na final, não foi a única vencedora do dia, com o francês Gaëtan Alin a sagrar-se campeão na vertente masculina, diante do nipónico Shigeyuki Nakarai.
À parte da competição, o evento continuará até 03 de setembro, na Alfândega do Porto, com várias ações como o mercado, com mais de 80 expositores, ‘workshops’, exposições, ‘sunsets’, demonstrações de rua, festas e espetáculos.
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