Os títulos de campeão mundial e europeu de andebol em cadeira de rodas, conquistados no domingo, são fruto de um trabalho conjunto de mais de uma década e traz a Portugal “uma responsabilidade acrescida”, considera o selecionador luso.

“Estes títulos são fruto de muito trabalho e resultado de uma aposta feita em 2010 no projeto Andebol Farol. Em 2015, iniciámos a seleção nacional de andebol em cadeira de rodas, e desde então já participamos em quatro torneios internacionais”, afirma Danilo Ferreira em declarações à agência Lusa.

O técnico considera que depois de ter marcado presença nas finais dos referidos torneios, e de ter vencido apenas uma, em 2018, o título conseguido no domingo em Leiria, após um triunfo sobre os Países Baixos (18-10), “mostra a evolução e bom trabalho dos clubes e da Federação de Andebol de Portugal (FAP)”.

Danilo Ferreira entende que Portugal pode ter um papel importante no crescimento da modalidade, e assume o sonho de ver o andebol de cadeira de rodas integrado no programa paralímpico, admitindo que o andebol em cadeira de rodas pode estar como modalidade de demonstração nos Jogos Paralímpicos Los Angeles2028.

Aos 31 anos, Ricardo Queirós foi o melhor marcador da competição, com 37 golos, e, tal como o selecionador, assume o sonho de ver a modalidade nos Jogos Paralímpicos e a “responsabilidade” de Portugal na afirmação do andebol da modalidade.

“Este triunfo dá-nos responsabilidade, vamos ser sempre um país a respeitar”, afirmou o jogador, considerando que o triunfo “aumenta a competitividade” e “trará mais gente para a modalidade, cujo crescimento tem sido grande nos últimos anos”.

Ricardo Queirós, que ficou numa cadeira de rodas depois de um acidente aos quatro anos, começou a praticar andebol em 2018, depois de ter passado por outros desportos, nomeadamente natação e ténis em cadeira de rodas.

O jogador da Associação Portuguesa de Deficientes (APD) Porto, que trabalha numa empresa de ortopedia, assume que o andebol é o seu “desporto predileto” e garante ser um adepto dos desportos coletivos, confessando: “Quando praticava natação sentia-me sozinho”.

Ricardo Queirós treina duas vezes por semana na APD Porto, que disputa o campeonato nacional, e refere que ajudar o clube e a seleção a ganharem as competições em que estão envolvidos são os seus grandes objetivos.

A primeira edição do campeonato mundial e europeu disputada em Leiria resulta de um trabalho conjunto da Federação Internacional de Andebol (IHF) e da Federação Europeia de Andebol (EHF) que pretende, segundo Danilo Ferreira, “contribuir para a afirmação da modalidade”.

O andebol em cadeira de rodas surgiu no Brasil em 2005, e é praticado por pessoas com comprometimento das funções motoras, nomeadamente ao nível dos membros inferiores, que os impeça de correr, saltar e pular como um indivíduo sem lesões. A modalidade pode ser jogada por quatro jogadores (ACR4), ou por seis jogadores (ACR6).