Ricardo Nora, presidente da FADU (Federação Académica do Desporto Universitário), reagiu em comunicado ao anúncio de cortes da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no apoio ao desporto nacional e às federações desportivas.
“Incompreensível é a melhor palavra para descrever o último comunicado dirigido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, vulgo Jogos Santa Casa, acerca do corte de apoios às federações desportivas", começa por escrever em comunicado, antes de se referir "à melhor participação de sempre" do contingente luso "em jogos mundiais universitários". Mostra-se ainda indignado de que num "momento único no desporto português", se pondere "sem qualquer critério cortar o elo mais fraco" de um setor que "já sofre dum financiamento parco e crónico em Portugal".
"Em 2022 o Estado angariou mais de 580 mil euros por dia com jogos sociais, cerca de 4% desse número é o valor atribuído anualmente pelos Jogos Santa Casa para apoiar o desenvolvimento de jovens estudantes-atletas e o desporto universitário em Portugal. Acredito que existam reformulações necessárias a serem levadas a cabo, e que os
quase 61 milhões de euros, provenientes das apostas, distribuídos por algumas organizações desportivas em 2022 devem contar com essa reestruturação. Corremos é o risco de perder e não apoiar devidamente uma das melhores gerações de desportivas que alguma vez tivemos em Portugal", acrescentou.
Recorde-se que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) avisou várias federações desportivas da necessidade de rever o plano de patrocínios, a menos de um ano dos Jogos Olímpicos Paris2024. As federações desportivas foram avisadas através de cartas assinadas pela provedora Ana Jorge, que assumiu funções na SCML em 02 de maio último.
A justificação para este corte prende-se com “a conjuntura económico-social que evse vive” que conferiu “novas exigências sociais e financeiras à SCML no que diz respeito ao apoio das populações mais vulneráveis”. Ana Jorge assume-se certa de que estas entidades desportivas “compreenderão” a “difícil decisão pelas razões evidenciadas”, sem excluir “uma eventual reavaliação futura desta situação caso as premissas se alterem”.
A decisão apanhou muitas entidades de surpresa, inclusive o Governo, e quase todas já reagiram, lamentando os cortes que poderão colocar em causa alguns projetos.
O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, anunciou o pedido de uma reunião urgente com Ana Jorge e considerou que os cortes no apoio da SCML no desporto provocarão “maiores impactos ao setor” devido à aproximação dos Jogos Olímpicos de 2024.
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