O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) disse hoje compreender a realização dos Jogos de Inverno Pequim2022 só com a presença de espetadores convidados, atendendo ao contexto pandémico, assim como o boicote diplomático dos Estados Unidos.
À margem da apresentação da obra plástica e literária "Tóquio 2020. Desporto, Arte e Cultura: A viagem Performativa”, no Museu do Oriente, em Lisboa, José Manuel Constantino defendeu ser “uma decisão que, de algum modo, se compreende, face ao quadro pandémico que se está a viver na China”, onde foi cancelada a venda ao público de bilhetes.
“Não nos apanha completamente de surpresa. Desejável seria que esses acontecimentos não tivessem razão de ser, mas o quadro da defesa da saúde pública assim o exige e, portanto, acho que é preferível salvaguardar a saúde de todos os que estão a intervir em contexto de Jogos Olímpicos, do que permitir a presença de público e depois haver um conjunto de ocorrências em que a situação fica descontrolada”, sustentou.
Em relação ao boicote diplomático anunciado pelos Estados Unidos aos Jogos Olímpicos de Inverno2022, em virtude das “flagrantes violações dos direitos humanos e atrocidades da China em Xinjiang”, como anunciou Jen Pski, porta-voz da Casa Branca, no início de dezembro, o presidente do COP também diz compreender.
“Há razões políticas que alguns países entenderam justificar esse posicionamento do ponto de vista político, marcando uma posição relativamente ao regime de liberdades públicas que operam na China. Portanto, encontraram um mecanismo de pressão para que essa situação possa ser melhorada e se possa evitar situações como aquelas que ocorreram numa determinada região da China. Percebo perfeitamente”, explicou.
Além de lembrar que essas decisões políticas “não vão afetar a questão desportiva, que está salvaguardada”, José Manuel Constantino considera razoável haver “chancelarias e países que decidiram, através de formas diferentes, marcar uma posição relativamente a essa matéria”.
“Como também compreendo e respeito e, de algum modo, saúdo a circunstância dessa posição não interferir com a participação política das delegações desportivas dos países que não vão enviar representações diplomáticas. Creio que é razoável a solução que foi encontrada. Quem entender que deve marcar uma posição política, marca, sem prejudicar a sua representação desportiva. Creio que vivemos numa sociedade desejavelmente aberta e democrática e, portanto, esse tipo de posições tem que ser perfeitamente compreendido à luz dos valores que hoje caracterizam as sociedades abertas em que vivemos”, frisou.
Quanto à iniciativa de hoje da Federação Portuguesa de Natação, em parceria com o COP e Comité Paralímpico de Portugal, o dirigente elogiou o projeto, que contou com os contributos de Mário Vitória, Jorge Olímpio Bento, Carlos Alberto Sequeira, Carlos Assunção, Gonçalo M. Tavares e, entre outros, Fernando B. Pereira.
“É sobretudo a valorização da dimensão cultural que o desporto tem em contexto olímpico e um pretexto para juntar várias artes e manifestações culturais, quer na área da cultura, da literatura e do pensamento. E é um ato que, de algum modo, acrescenta valor ao valor desportivo dos Jogos Olímpicos, à semelhança do que já tinha acontecido nos Jogos Olímpicos do Rio2016 e irá acontecer nos Jogos Olímpicos de Paris2024”, comentou, acrescentando: “Oxalá possam frutificar e servir de exemplo para que outras iniciativas possam ocorrer."
"A cultura pode viver sem o desporto, mas o desporto não pode viver sem a sua dimensão cultural”, rematou no Museu do Oriente, onde marcaram igualmente presença o presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude, Vítor Pataco, o presidente da Confederação do Desporto, Paulo Marta Cardoso, e o vice-presidente do Comité Paralímpico de Portugal, Luís Figueiredo, e o responsável máximo da Federação Portuguesa de Natação, António José Silva.
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