António Marques, que há um ano substituiu Dias Ferreira na presidência dos Special Olympics Portugal, movimento destinado a promover a prática desportiva entre pessoas com deficiência intelectual, referiu que, após “dois anos complicados”, em que as competições foram suspensas devido à pandemia, o regresso às provas internacionais tem uma importância acrescida.
Com sete dos oito atletas portugueses medalhados, em natação e atletismo, o responsável salientou que o mais importante é os participantes “superarem-se e irem mais longe, não apenas desportivamente, como nas competências sociais, no desenvolvimento da autoestima, no convívio, na promoção de uma maior autonomia”.
“Tivemos bons resultados. Os Special Olympics não correm atrás de medalhas, embora essas medalhas sejam resultado do esforço deles. Elas surgem como um apêndice, mas para eles é importante ganhar essas medalhas”, frisou o presidente do movimento em Portugal, que explica que todos os atletas são chamados ao pódio e recebem uma lembrança de participação.
Segundo António Marques, há cada vez mais instituições em Portugal que lidam com pessoas com deficiência intelectual a apostar no desporto e a ter técnicos especializados na área, por a atividade física “ter um retorno muito positivo”.
“A atividade desportiva, enquanto meio de inclusão, é a que tem resultados mais imediatos e mais duradouros”, vincou António Marques, em declarações à agência Lusa.
Portugal terminou os Jogos Internacionais em Malta com três medalhas de ouro, conquistadas por Andreia Farinha, João Bastos e Rita Mascarenhas, duas de prata, conseguidas por João Bastos e Rafael Dolores, e quatro de bronze, de Andreia Farinha, João Duarte, João Sequeira e André Ferreira.
António Marques reforçou a lógica de integração e de “competirem entre iguais”, motivo pelo qual existe o 'divisioning' e os atletas são inscritos em séries com tempos semelhantes. Se alguém terminar com um tempo superior em 10% àquele com que foi inscrito, é desclassificado, porque devia estar incluído em outro nível.
Depois da participação, em 2019, no Mundial, com 31 atletas em nove modalidades, e do cancelamento do Europeu do ano passado, a organização está já a pensar nos Jogos Mundiais Special Olympics Berlim 2023.
Com 1.400 atletas inscritos nos Special Olympics em Portugal, a direção tenciona aumentar esse número e acordou com a Câmara Municipal de Matosinhos a cedência de instalações para abrir uma delegação no norte do país.
“O Special Olympics está a alargar a sua implantação ao norte do país, onde não há tantas instituições associadas”, adiantou António Marques.
A delegação lusa, composta por 12 pessoas, regressa a Portugal hoje à tarde, com aterragem prevista no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.
Nos Jogos Internacionais dos Special Olympics, que decorreram entre 14 e 18 de maio, participaram cerca de mil atletas de 23 países.
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