Pita Taufatofua não será lembrado pela sua performance desportiva nos Jogos Olímpicos de Inverno em PyeongChang2018, mas pela forma como se apresentou na cerimónia de abertura. O atleta de Tonga imitiu o nadador guinéu-equatoriano Eric Moussambani dos Jogos Olímpicos de Sidney, ao terminar em antepenúltimo a prova de esqui de fundo ou ‘cross country’, com quase o dobro do tempo do vencedor.

Taufatofua foi 114.º dos 116 atletas que terminaram a prova, tendo registado o tempo de 56:41.1, mais de 22:57.2 do vencedor, o suíço Darío Cologna, que somou o seu terceiro ouro olímpico consecutivo, depois dos triunfos em Vancouver 2010 e Sochi 2014. Darío Cologna ganhou com o tempo de 33:43.9. O italiano Dietmar Noeckler e o espanhol Marti Vigo del Arco foram desclassificados.

Pita Taufatofua acaba prova de esqui de fundo em antepenúltimo
Pita Taufatofua acaba prova de esqui de fundo em antepenúltimo Pita Taufatofua acaba prova de esqui de fundo em antepenúltimo créditos: Lusa

Apesar do tempo, o atleta recebeu muitos aplausos e carinho do público quando cortou a meta, como reconhecimento pelo seu esforço e mérito. Não é todos os dias que um atleta de Tonga participa na prova de esqui de fundo nos Jogos Olímpicos de Inverno.

Pita Taufatofua, que tinha representado o país nos últimos Jogos Olímpicos de Verão, ficou famoso por ter desfilado na cerimónia de abertura em tronco nu. Indiferente às condições climatéricas (temperaturas negativas em PyeongChang), Taufatofua repetiu o desfile de há cerca de dois anos, quando representou o Tonga nos Jogos Olímpicos de Verão Rio2016, em taekwondo.

Pita Taufatofua desfila de tronco nu
Pita Taufatofua desfila de tronco nu Pita Taufatofua desfila de tronco nu créditos: Lusa

O atleta, que representa uma ilha tropical do Pacífico Sul onde não neva, apenas aderiu à modalidade de 'cross-country' no ano passado e a sua qualificação olímpica foi já à última da hora.

"É a coisa [cross-country] mais difícil que já fiz. O taekwondo é intenso, alguém tenta pontapear a nossa cabeça. A esquiar, sentimos dor por uma hora. É uma questão de sentir dor curta e dor longa, mas eu amo os dois desportos", disse.

A prova de Taufatofua faz lembrar a de Eric Moussambani nos Jogos Olímpicos de Sydney. O nadador da Guiné Equatorial fez a prova sozinho, depois de os seus concorrentes na sua série terem sido desqualificados, por falsa partida. Eric Moussambani tornou-se no nadador mais lento - e ainda assim mais emblemático - da história dos 100 metros livres, ao terminar a prova com o tempo de 1 minuto 52,72 segundos. Os últimos 50 metros foram um calvário para o nadador da Guiné Equatorial e só os gritos do público impediram-no de desmoralizar nos últimos metros quando as braçadas pareciam afasta-lo da meta, em vez de aproximar.

O seu tempo foi mais do que o dobro dos melhores do mundo, nem sequer daria para bater o recorde dos 200 metros e está ao nível dos nadadores mais rápidos no escalão entre os 100 e os 105 anos, mas para o atleta valeu a pena. Saiu de Sydney com a promessa de voltar quatro anos depois e, apesar de em 2004 já conseguir completar a distância em menos de 57 segundos, não viajou para Atenas.

A história de Taufatofua faz lembrar a de Adrián Solano, esquiador venezuelano que participou nos Mundiais de Esqui na Finlândia, em 2017. O vídeo da prova de Adrián Solano tornou-se viral pela evidente falta de técnica e capacidade do atleta que foi apelidado de "o pior esquiador do Mundo". A falta de jeito do esquiador venezuelano é explicada pelo facto de nunca ter visto neve na vida. A Finlândia marcou a sua estreia em provas de esqui, ele que nem sequer treinou, pelo que aquele era o seu primeiro contacto com a neve.