Os irmãos Afonso e Dinis Costa estão apostados em qualificar-se para os Jogos Olímpicos de Paris2024 já no Mundial de remo de 2023, ficando nos sete primeiros em double-scull ligeiro em Belgrado, “indiferentes” às regras de apuramento.
“Vamos trabalhar para a uma medalha olímpica, pelo que em 2024 queremos ter apenas um pico de forma e não dois, caso tenhamos de lutar pelas últimas vagas. Não é que seja impossível conseguir o pódio nessas circunstâncias, mas é muito mais difícil”, explicou Afonso Costa, em declarações à agência Lusa.
O remador olímpico não quer passar pelas mesmas vicissitudes que teve com Pedro Fraga, o melhor remador português de sempre, entretanto retirado, e com o qual se qualificou para Tóquio2020 apenas um par de meses antes, terminando em 13.º no double-scull.
“Não quero ir marcar presença aos Jogos Olímpicos. Isso já tenho. Quero mais. E isso é atingir as medalhas. Estamos com mentalidade vencedora, incutida pelo novo treinador, John West. Sabemos que para atingir uma medalha temos de fazer ‘isto’. Se não trabalharmos para vencer, mais vale fazermos outra coisa”, acrescentou o atleta de 26 anos.
O novo técnico principal do remo português vem da escola inglesa, “provavelmente a melhor do mundo”, sendo que a dupla está a trabalhar, diariamente, em Coimbra com José Velhinho, que já orientou Portugal no Japão.
“Trabalhamos para sermos os melhores. O plano está feito para ganhar uma medalha, a de ouro. Temos de seguir o plano… Se o fizermos, estou convicto de que apuramos já para o ano”, reforçou Afonso Costa.
Das 502 vagas para a modalidade, repartidas equitativamente por ambos os sexos, 336 serão atribuídas nos Mundiais de 2023 em Belgrado, 64 nos posteriores apuramentos Continentais e as derradeiras 96 na oportunidade final, em Lucerna, Suíça, em maio, meses antes de Paris2024: as restantes seis vagas visam garantir a universalidade da competição.
O irmão Dinis, dois anos mais novo, com 24, garante que a dupla está a “trabalhar muito para conseguir o apuramento logo na primeira oportunidade”, mesmo sabendo do desafio imenso que constitui ficar nos sete primeiros, ou seja, até ao lugar de vencedor na final B.
“Não é fácil, mas queremos muito e estamos a dar um grande salto este ano e o objetivo é alcançável”, garante o remador que sonha com a estreia olímpica.
Dinis e Afonso voltam a competir juntos, tal como o haviam feito nos sub-23, e depois de ambos terem começado no remo ao mesmo tempo, aos sete e nove anos, respetivamente.
“Não é nada de novo. Já temos muitos, muitos quilómetros juntos. Funcionamos muito bem, somos muito unidos. Há irmãos que não funcionam muito bem, mas não é o nosso caso. O único problema poderá ser o nosso excesso de frontalidade, mas saberemos lidar com ela fora do barco”, assumiu.
Pedro Fraga, oitavo em Pequim2008 e quinto em Londres2012, com Nuno Mendes, competiu em Tóquio2020 com 38 anos, ao lado de Afonso, optando por deixar a alta competição e abrindo assim caminho à reunião dos irmãos Costa, atualmente os dois mais fortes do remo luso.
“Confio que se vão apurar. Conheço bem os atletas, bem como outros que estão a tentar um lugar em Paris2024. Com o seu valor, com o novo treinador e condições de apoio da federação, têm tudo para voltar a colocar no remo nos Jogos Olímpicos”, sentenciou, acreditando mesmo no seu potencial "para uma final ou uma medalha".
Fraga deixou apenas o alerta à federação, clubes e atletas para o após Paris2024, uma vez que os pesos ligeiros, nos quais Portugal tem apostado tudo nas últimas duas décadas, vão deixar de ser olímpicos, “pelo que é necessário acautelar o futuro”.
Este ano a dupla vai ter uma Taça do Mundo em Poznan, na Polónia, e outra em Lucerna, Suíça, enquanto os Europeus decorrem na Alemanha, em Munique, e os mundiais na República Checa, em Racice.
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