Os danos sofridos pelo centro náutico de Montemor-o-Velho, distrito de Coimbra, nas cheias do Mondego, em dezembro, não impedem a preparação dos atletas olímpicos de canoagem, embora não nas condições ideais, disse hoje o vice-presidente da Federação.
Em conferência de imprensa conjunta com José Veríssimo, vice-presidente da autarquia do Baixo Mondego, Ricardo Machado frisou que apesar dos estragos provocados pela água - orçados, no total, em cerca de 577 mil euros - o centro náutico "tem as condições mínimas asseguradas" e a preparação olímpica "não será afetada".
"O centro, neste momento, tem as condições mínimas. É óbvio que se forem ali ao ginásio conseguem encontrar facilmente ginásios com melhores condições de conforto e climatização. Dá para treinar, não é o ideal, mas nós sempre fomos conhecidos por conseguir fazer muito com pouco, estamos a tentar ajustar. Não é o ideal, mas sabemos que em breve irá ser reposta a normalidade e é isso que esperamos", declarou o dirigente federativo da canoagem.
Embora o treino e a prática da modalidade no local onde os atletas nacionais de canoagem treinam regularmente tenha sido afetada após as inundações - dado, por exemplo, o centro náutico ter estado "sem eletricidade durante umas semanas" -, Ricardo Machado enfatizou que as condições mínimas de trabalho "foram asseguradas".
"Foram deslocalizados alguns estágios e mantivemos aqui [em Montemor-o-Velho] aquilo que era fundamental", afirmou.
O dirigente sustentou ainda que "independentemente da forma como correrem os Jogos Olímpicos" não existirão desculpas "por falta de condições de trabalho".
Questão diferente diz respeito ao Campeonato do Mundo de Juniores e sub-23, agendado para decorrer em Montemor-o-Velho em 2021 e de cuja realização depende a concretização das obras de recuperação do centro náutico, que incidem, entre outras, sobre os pontões de acesso, vias de comunicações e equipamentos de apoio.
"É nossa expectativa que tudo seja solucionado e seja reposta a normalidade. Não nos passa pela cabeça sequer condicionar esse evento por esta situação", disse Ricardo Machado.
Dos 577 mil euros orçamentados, 125 mil dizem respeito à reposição da torre de chegada, que a Federação Portuguesa de Canoagem quer ver substituída por uma nova, com outras características, dado o equipamento atual (mesmo depois de recuperado) não reunir as condições para as provas internacionais.
Ricardo Machado estimou o custo de uma nova torre em 800 mil a 900 mil euros - o dobro do valor das restantes obras, retirado o valor da infraestrutura atual -, montante de que o município de Montemor-o-Velho não dispõe.
"Os prejuízos já estão todos orçamentados, dentro de pouco tempo estará tudo regularizado. A questão da [nova] torre de chegada [a atual, nas cheias, teve água à altura do primeiro andar] é um valor bastante elevado, é um investimento que só conseguiremos fazer com a colaboração das federações e do IPDJ [Instituto Português do Desporto e Juventude], só com financiamento do Estado", observou José Veríssimo.
Já Ricardo Machado, asseverou que se não houver uma nova torre de chegada "há campeonato do mundo [em 2021]”, mas dificilmente, assegura, haverá “mais alguma prova internacional em Portugal na canoagem".
"Isso terá de ser equacionado por quem manda, se é interesse ou não do país continuar a manter esse ciclo de realizações internacionais e ter cá os melhores atletas do mundo a competir, juntamente com os nossos", argumentou.
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