Cabo Verde vai ficar na história como o primeiro país a acolher os Jogos Africanos de Praia, mas a organização cabo-verdiana sonha alto e considera que o país tem condições para algum dia receber os Jogos Mundiais.
"Porque não pensar nos Jogos Mundiais? San Diego vai receber os primeiros Jogos Mundiais de Praia, Cabo Verde tem todas as condições em termos de alojamento, temos sol durante o ano inteiro, praias enormes no Sal e na Boavista. Simplesmente, é uma questão de conseguirmos acondicionar aquilo que temos de forma natural e poder utilizá-lo para receber grandes eventos desportivos", disse Filomena Fortes, presidente do Comité Organizador dos Jogos Africanos de Praia (COJAP), que vão decorrer de 14 a 23 de junho, na ilha do Sal.
Em entrevista à agência Lusa, a responsável manifestou-se confiante que “Cabo Verde deverá ser escolhido para receber outras competições em várias modalidades, mesmo de voleibol, futebol de praia, natação de águas abertas”, lembrando que marcarão presença nos Jogos Africanos de Praia “de várias federações internacionais”.
O parque dos jogos será montado na praia de Santa Maria, uma das mais emblemáticas de Cabo Verde, mas a presidente adiantou que algumas estruturas e equipamentos vão ficar no areal para que possam ser aproveitados pela população local.
Também haverá uma nova modalidade, a teqball, cujos materiais desportivos vão ficar em Cabo Verde.
Para Filomena Fortes, Cabo Verde deve utilizar o legado que vai ser deixado pelos Jogos Africanos para dar outros saltos, apostar em novas modalidades e também candidatar-se a organizar outros eventos multidesportivos internacionais.
Não obstante esse sonho, a dirigente entende que o país deve "ter os pés bem assentes no chão" e fazer com que os primeiros Jogos Africanos de Praia sejam bem organizados.
"Mas não se deverá descartar essa possibilidade", insistiu, dizendo que seria uma forma de colocar Cabo Verde no mundo, abrindo portas ao turismo e facilitar a chegada de pessoas que iriam colmatar as falhas existentes em outras áreas.
Questionada sobre se isso será uma "pressão positiva" para Cabo Verde, a presidente da COJAP disse que "tem de haver essa pressão".
"Não estamos a organizar uns jogos para deixar um legado de dívidas, mas devemos aproveitar estes jogos e darmos um salto. Esta é a oportunidade única até este momento que Cabo Verde tem de poder mostrar ao mundo as suas potencialidades", prosseguiu.
A responsável não tem dúvidas que após os jogos Cabo Verde e o seu desporto não serão os mesmos, "pelo menos no que diz respeito a uma maior assunção por parte das federações e mesmo de parte do Governo em relação a uma maior importância os jogos de praia".
"Penso que Cabo Verde teria mais chances a nível internacional se apostássemos nos jogos na praia, de praia e nos desportos náuticos", notou, na entrevista à Lusa, realizada na cidade da Praia.
Durante o evento, serão realizados também os primeiros jogos escolares de praia em Cabo Verde, uma oportunidade, segundo a presidente do COJAP, para que os jovens possam vivenciar e ter alguma experiência nos grandes palcos.
"O legado que queremos deixar é de material desportivo, mas também de poder chamar a atenção dos cabo-verdianos para a importância dos jogos de praia e na praia", insistiu.
A presidente disse também que o evento vai dar visibilidade a toda a África, mostrando que nem tudo o que é mau acontece no continente.
"Vamos tentar reverter essa situação e mostrar que África também poderá organizar grandes eventos desportivos, como tem sido aposta do Comité Olímpico Internacional (COI)", disse.
Como exemplos, apontou a realização dos Jogos Africanos, em agosto, em Marrocos, e os primeiros Jogos Mundiais da Juventude, no Senegal, em 2022.
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