O encontro entre as seleções de futsal de Portugal e da Bélgica, e que se joga esta quinta-feira, vai marcar a despedida de Ricardinho de 'quinas ao peito'.
A partida que se realiza no Multiusos de Gondomar já tem lotação esgotada, até porque será a última oportunidade para ver o capitão a representar a seleção de todos nós. Esperam-se assim 2700 espectadores nas bancadas a aplaudirem com entusiasmo um homem que tanto deu à equipa portuguesa.
Foi em novembro de 2021, aos 36 anos, que Ricardinho confirmou a decisão de deixar de representar Portugal. Foi no entanto convidado para fazer mais um jogo, o da despedida, para depois assumir o papel de embaixador da seleção nacional.
As razões para o abandono
Foi depois de se ter coroado campeão mundial ao serviço da seleção portuguesa que Ricardinho optou por deixar de representar a equipa nacional. Várias razões foram elencadas pelo craque luso, que se prenderam sobretudo por dois anos atípicos, que ajudaram ao "desgaste psicológico" do jogador de 36 anos. A grave lesão que sofreu (rotura num tendão da perna direita), a pandemia, os problemas decorrentes da sua saída do Movistar, e as inconstâncias na nova equipa, o ACCS Paris, que se viu obrigado a descer à segunda divisão francesa devido a questões administrativas.
Uma carreira gloriosa na seleção
Com o anúncio do adeus, Ricardinho despediu-se definitivamente no auge, depois de 187 jogos somados ao serviço da equipa das quinas. Foram cerca de 3674 minutos e mais de 140 golos apontados.
A estreia pela seleção das quinas
Foi quase há 19 anos que Ricardo Filipe da Silva Duarte Braga se estreou ao serviço da equipa portuguesa. O primeiro jogo teve lugar no torneio internacional do Algarve, onde Portugal acabou por bater na Andorra por 4-8, partida disputada em 26 de junho de 2023. O primeiro golo surgiu também nesse torneio, três dias depois, frente à Eslováquia.
A primeira grande competição com a seleção portuguesa
A primeira grande competição de Ricardinho ao serviço da equipa portuguesa teve lugar em 2007, com a presença de Portugal no Campeonato da Europa. O Euro acabou por ser inesquecível para o ala que foi mesmo considerado o melhor jogador do torneio, ao patentear grande exibições e ao sagrar-se também o melhor marcador do torneio. Portugal acabaria por ficar no 4.º lugar da competição depois de ter sido derrotado no jogo de atribuição dos 3.º e quartos lugares.
Seis golos e o título de melhor marcador de sempre da seleção
14 de setembro de 2016 - Foi mais um dia escrito a letras douradas para Ricardinho ao serviço da seleção. O palco foi o Mundial da Colômbia, o adversário o Panamá. Portugal goleava por 9-0 o adversário no melhor resultado da seleção em fases finais. Ricardinho esteve em destaque absoluto com seis golos apontados, alcançando também a marca dos 113 golos ao serviço da seleção, o que lhe permitiu desde aí tornar-se no melhor marcador de sempre por Portugal. "É um dia para não esquecer", disse na altura o astro luso.
A glória europeia com a seleção de futsal
Foi no dia 10 de fevereiro de 2018 que Portugal chegou pela primeira vez à glória europeia. Ricardinho até teve um jogo azarado ao sair lesionado no prolongamento - a fazer lembrar a lesão de Cristiano Ronaldo na final do Euro 2016. Mas acabou por ser Bruno Coelho, de livre direto, a fazer o papel de Éder, e marcar o golo da vitória a 55 segundos do final da partida.
O mágico inaugurou o marcador logo no primeiro minuto da partida com um forte remate. Ainda antes do intervalo a Espanha chegou ao empate por intermédio de Marc Tolrá. No segundo tempo, 'nuestros' hermanos conseguiram dar a volta ao texto, com Lin a fazer o 2-1. Mas Bruno Coelho a dois minutos do final do tempo regulamentar apareceu sozinho na área e fez o 2-2, levando o jogo para prolongamento onde Portugal acabou por levar a melhor.
A glória mundial aos 36 anos e o fechar de uma página dourada
Foi mesmo a última competição ao serviço de Portugal e acabou em glória total. Dias antes Ricardinho tinha dito: "Podemos dançar o tango, desde que, no final, toque o fado", numa alusão à final do Mundial a disputar frente à Argentina.
A primeira fase da competição até se desenrolou com alguns sobressaltos, mas Portugal, com capacidade de esforço, resiliência e qualidade conseguiu alcançar a almejada final. No jogo decisivo, a equipa portuguesa acabou por bater a Argentina na final por 2-1.
Os comandados de Jorge Braz chegaram a deter uma vantagem de dois golos, depois dos tentos de Pany Varela (15´ e 28´), mas ainda antes do final Claudino reduziu e manteve a incerteza no marcador. Mas Portugal acabou por confirmar a vitória, o melhor resultado na competição depois do terceiro lugar alcançado na Guatemala em 2000. Foi ainda o quarto país a erguer o troféu depois de Brasil, Espanha e Argentina.
No final da competição, Ricardinho foi eleito o melhor jogador do Mundial de futsal, que se realizou em Kaunas na Lituânia. Fechou assim desta em forma em glória a carreira do jogador luso ao serviço da seleção. Atleta ímpar, foi distinguido com o título de melhor jogador de futsal do mundo em seis ocasiões: 2010, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018. Foi considerado também o melhor jogador dos Europeus de 2007 e 2018.
Portugal viria a sagrar-se já este ano bicampeão europeu de futsal, já sem Ricardinho, depois de vencer a Rússia em Amesterdão por 4-2, na final do Europeu.
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