A Associação de Futebol do Porto (AFP) homenageou hoje os jogadores de futsal Ricardinho, Tiago Brito, Miguel Ângelo e Vítor Hugo, todos naturais daquele distrito, pela conquista do título mundial ao serviço da seleção portuguesa.
“Entrei pela primeira vez nesta casa quando tinha 14 anos para representar a seleção distrital de sub16 e nunca imaginei que pudesse estar cá a ser homenageado por ter sido campeão do mundo. Foi um feito histórico e ainda não temos noção da sua grandeza”, admitiu aos jornalistas Tiago Brito, à margem da sessão, decorrida no auditório da AFP.
A maior associação de futsal do país prestou tributo ao maior feito luso na modalidade, alcançado em 03 de outubro, quando Portugal venceu a Argentina, então detentora do cetro mundial desde 2016, por 2-1, na final do Mundial2021, em Kaunas, na Lituânia.
“A competitividade a nível distrital diminuiu com a criação das competições nacionais. Compete à AFP trabalhar para elevar a competitividade em termos distritais e catapultar mais equipas para os patamares nacionais. Está bem encaminhada para que no futuro, em vez de serem quatro, sejam muitos mais homenageados”, considerou Tiago Brito.
O ala matosinhense, de 30 anos, foi um dos dois homenageados presentes na cerimónia, tal como o guarda-redes Vítor Hugo, companheiro de equipa no Sporting de Braga, ao passo que Ricardinho (ACCS Paris) estava em solo francês e Miguel Ângelo (Sporting) prestes a defrontar o Modicus, em jogo da segunda ronda da Liga portuguesa de futsal.
“Só tenho a agradecer a esta casa que me acolheu. Ainda estou a acreditar e nem caiu muito a ficha [sobre o título]. Todo o atleta sonha com títulos e é para isso que trabalha diariamente. Quando comecei, queria era jogar e ser feliz. Sinto-me lisonjeado pela carreira que fiz e orgulhoso por aquilo que conquistei”, observou Vítor Hugo, de 38 anos.
Se o ‘guardião’ e o ala Miguel Ângelo, ambos naturais do Porto, evoluíram nas camadas jovens do Boavista, Tiago Brito despontou no Freixieiro e o ala Ricardinho, oriundo de Gondomar, representou clubes como Estrelas de Fânzeres, Gramidense ou Miramar.
“Por exemplo, na minha altura não havia seleções de base. Nunca fui aos sub-21 ou aos sub-19. Agora, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) tem essas seleções todas. É muito importante, porque o atleta já chega muito mais preparado aos seniores”, notou.
Os quatro atletas foram distinguidos pela entidade presidida por José Manuel Neves, que recebeu das mãos de Tiago Brito e Vítor Hugo duas camisolas da equipa das ‘quinas’ autografadas pelos recém-consagrados campeões mundiais, perante o olhar à distância do selecionador Jorge Braz, ainda a cumprir isolamento, devido à infeção por covid-19.
“É muito especial. Já sei que agora estou mesmo tramado, porque temos de ganhar sempre e, ainda por cima, o Europeu está bastante próximo. Uma coisa é certa: iremos continuar a fazer tudo para proporcionar aos portugueses esta alegria e orgulho no país que temos e esta autoestima que muitas vezes nos falta e nunca nos irá faltar”, referiu.
Portugal, que detinha como melhor resultado de sempre em Mundiais o terceiro lugar alcançado em 2000, na Guatemala, tornou-se o quarto país a erguer o troféu, depois de Brasil, Espanha e Argentina, juntando o título mundial ao inédito cetro europeu de 2018.
“Não tenho dúvida de que o trabalho que associações e clubes executam é fundamental. Este caminho a percorrer das bases ao topo é algo que nunca vamos esquecer e todos juntos teremos de fazer parte”, rematou Jorge Braz, através de uma mensagem digital.
O “trabalho determinante” do selecionador foi enaltecido na abertura da sessão solene pelo líder da AFP, orgulhoso de ter visto o quarteto de campeões do mundo a “tomar o primeiro contacto com o futsal” em clubes e pavilhões pertencentes ao distrito do Porto.
“Os clubes e associações são os grandes pilares do futebol e do futsal. É fruto do seu trabalho árduo que temos hoje a possibilidade de estar na presença de campeões do mundo. Que continuem a acreditar e apostar nos nossos jovens, legitimando os seus sonhos, pois é daí que nascem conquistas grandiosas”, sublinhou José Manuel Neves.
Destacando o papel de Fernando Gomes e Pedro Dias, presidente e diretor da FPF, respetivamente, o dirigente recebeu a acabar a cerimónia a bandeira da ética de Vitor Dias, diretor regional do norte do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).
“A AFP tem cerca de 25% da FPF, realiza anualmente mais de 27.000 jogos e tem quase 900 árbitros, 14.000 dirigentes e 330 clubes, com mais de 100 em futsal. Dá-nos uma grande responsabilidade para aumentar e evoluir o futsal. Temos clubes e atletas capazes, mas falta-nos uma casa para trabalharmos”, concluiu José Manuel Neves, perante os vereadores do Desporto das Câmaras Municipais do Porto e de Matosinhos.
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