A Associação Desportiva do Fundão (ADF) lidera a Liga portuguesa de futsal e o presidente, Rui Quelhas, diz que só os mais distraídos podem achar que é sorte, justificando os resultados com “um trabalho estruturado continuado”.
Com sete vitórias em sete jornadas, a formação beirã venceu o campeão Sporting e tem mais três pontos do que os ‘leões’ e o Benfica, equipas com um orçamento “quatro vezes superior”.
“Só os mais distraídos podem pensar que o Fundão está em primeiro por um momento de sorte. É fruto de um trabalho estruturado, do investimento em condições de treino, da qualidade de treino, da qualidade dos jogadores e treinadores e de uma estrutura dedicada. A sorte dá muito trabalho”, realçou Rui Quelhas, em declarações à agência Lusa.
O presidente “da Desportiva”, como o clube é conhecido localmente, recordou que a equipa, com formação em todos os escalões, está há 15 anos consecutivos no principal escalão do futsal nacional, conquistou a Taça de Portugal em 2013/14, disputou duas finais da Taça da Liga, uma final da Supertaça, há uma década que não falha os ‘play-off’ e na última temporada foi terceiro classificado na fase regular e eliminado nas meias-finais.
“Por uma simbiose de situações, estamos em primeiro. Essa situação pode mudar a qualquer altura. É quase impossível que a Desportiva não perca pontos, mas no ano passado só perdemos seis, quatro deles com o Benfica e o Sporting”, referiu Rui Quelhas.
O dirigente frisou que o Fundão foi o primeiro clube, além do Benfica e Sporting, “a assumir a profissionalização dos jogadores” e há muito “tem sido o grande trampolim de jogadores”. Dos campeões do Mundo na Lituânia, Pany, Pauleta, Erick e André Sousa passaram pelo emblema da ‘capital da cereja’, tal como o selecionador adjunto José Luís Mendes e o fisiologista Bruno Travassos, que treinaram a Desportiva.
O Fundão tem apostado em jogadores jovens com potencial “e ambição” e esse tem sido “o trunfo” do clube, segundo o presidente.
“Os jogadores preferem vir ganhar menos para o Fundão do que ir para outros clubes, porque são jogadores jovens, que querem apostar na sua carreira no futsal, e veem o Fundão como o clube onde podem evoluir. Sem esse trunfo, em termos financeiros não teríamos hipóteses, porque somos dos clubes que praticam dos vencimentos mais baixos”, enfatizou Rui Quelhas.
O capitão e internacional português Mário Freitas, chamado para os próximos dois compromissos da seleção, destacou a “continuidade de um projeto sério, com pés e cabeça, com ambição e à procura de uma constante evolução”.
“Quem passa por aqui sai muito melhor jogador, porque o clube trabalha de forma muito profissional”, salientou, em declarações à agência Lusa, o ala, que, depois da passagem pelo Benfica, regressou a um emblema que é “referência na modalidade”, “potencia jogadores para outros patamares”, “é competitivo, quer andar sempre nos lugares cimeiros e a ‘morder os calcanhares’ aos ditos grandes”.
David Gomes, a par de Wilson Cabral e Peléh, oriundos dos juniores do clube, é natural do concelho vizinho da Covilhã e considerou que “quem começa no futsal vê a Desportiva como uma oportunidade”.
O também estudante de Gestão observou que ter um clube do distrito de Castelo Branco há tantos anos no principal escalão “atrai jogadores e estimula os outros clubes da região a desenvolverem-se”.
Depois de 15 anos no plantel, o ex-capitão, Nuno Couto, está na quinta época no comando técnico do Fundão, e enalteceu o “registo histórico, que tem de se valorizar”, de nos últimos 30 jogos apenas contabilizar seis derrotas, “um orgulho” de que lhe dão conta na rua.
“O Fundão é um habitué nos primeiros lugares da tabela. Estamos em primeiro com mérito e não podemos baixar a guarda”, reforçou o treinador, que no balneário tem procurado “manter a cabeça dos jogadores na terra”.
Nuno Couto disse que “mais cedo ou mais tarde” a equipa vai perder, mas o principal objetivo “são sempre os três pontos no próximo jogo”.
Para o presidente, o intuito é o clube, com um orçamento entre os 250 e os 300 mil euros, e um apoio anual do município de cerca de 90 mil euros, “estar sempre nas fases de decisão”.
“Se nos deixarem, estaremos para incomodar, para lutar por uma cidade, por uma região”, antecipou Rui Quelhas.
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