A aventura chinesa de André Lima
Aos 39 anos, e sentindo as portas, estranhamente, a fecharem-se no nosso país, André Lima rumou em 2011 à China e ao Ko Wong Meng, clube situado em Cantão, cidade que alberga mais pessoas do que o território do nosso país.
Em entrevista ao SAPO Desporto, o treinador diz estar a viver «uma autêntica aventura» e dá como exemplo o facto de no início ter jogadores que nem apareciam nos treinos.
«Quando cheguei, vi que o futsal aqui era muito amador. Tive de impor regras, reunir-me com os responsáveis e explicar o que era necessário para ter uma equipa competitiva. Às vezes os jogadores chineses nem apareciam nos treinos, eles dividiam-se entre o futebol e futsal».
O treinador decidiu então munir-se de alguns jogadores que passaram pelo nosso país, casos de Esteves, Josiel, Adriano Mide, Jander, Diego Balbo e Hugo Agra, o que transformou esta equipa do Ko Wong Meng muito mais competitiva.
Um título chinês muito especial
Resultado disso mesmo foi a recente conquista do título da Liga de Cantão, um campeonato com grande competitividade, devido ao facto de nesta cidade estarem das melhores formações da China. Para André Lima este foi um dos títulos mais saborosos da sua carreira e explica porquê.
«Foi um título especial porque fui eu que escolhi os jogadores, fui eu que ajudei a passar o clube de amador a semiprofissional, organizei os horários, os treinos, tudo. É como se criasse um bebé e ao fim de oito meses me deparasse com alguém crescido, neste caso com uma equipa madura e com uma ideia de jogo bem clara», adiantou.
A festa do título num karaoke
A uma jornada do fim da Liga de Cantão, a equipa orientada por André Lima ganhou por 4-2 ao Shenzhen Tielang e sagrou-se campeã. A festa foi feita no pavilhão e, à boa maneira chinesa, num dos muitos karaokes existentes nesta cidade.
«Ganhámos o campeonato e foi uma grande festa no pavilhão. Depois, à noite, fomos jantar e seguimos para o karaoke, num local luxuoso. Eles gostam muito disso aqui. Foi uma festa mais familiar», disse por entre risos.
«O futuro a Deus pertence»
Após esta conquista, André Lima não nega a existência de algumas propostas interessantes para prosseguir a sua carreira como treinador noutras paragens, porém a forma como foi recebido e tratado na China leva-o a ponderar a ficar. Até porque depois da conquista da Liga de Cantão, o treinador tem a ambição de levar a sua equipa longe na Liga nacional de futsal da China.
«Tenho três, quatro propostas muito boas. É muito cedo. O campeonato aqui está a acabar, mas nos outros países as competições estão ainda a decorrer. Estou muito feliz na China, sou muito bem tratado, nunca pensei que aqui me sentisse tão bem. Penso seriamente em ficar, mas o futuro só a Deus pertence», concluiu.
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