Portugal é campeão da Europa de Futsal. Na final no Arena Stozice em Ljubljana, Eslovénia, os lusos bateram a Espanha por 3-2 após prolongamento. Um título inédito naquela que foi apenas a segunda vitória de Portugal em 27 jogos contra a Espanha.

A inédita vitória de Portugal no Europeu de futsal começou a desenhar-se em abril de 2017, quando Ricardinho e companhia venceram a Letónia por 2-1, no primeiro jogo do Grupo D da ronda de qualificação. Nesse longínquo dia 8, apesar do domínio luso, Portugal só conseguiu vencer pela margem mínima, com os golos a serem apontados por Bruno Coelho.

A equipa portuguesa haveria de vencer o grupo só com vitórias, já que nos jogos seguintes bateu a Roménia e Finlândia. Os finlandeses foram brindados com um 5-1 na Sala Polivalenta em Târgu-Mures, Roménia (palco da fase de qualificação), com golos de Fábio Cecílio, Tiago Brito, Bruno Coelho e Pany Varela, que bisou.

E para fechar em beleza, nova vitória frente a seleção da casa por 4-0, com João Matos, Márcio Moreira e Bruno Coelho (2) a fazerem os tentos.

Garantido o apuramento, era hora de preparar bem a competição em Ljubljana, no Arena Stozice. Numa equipa com muita experiência, com muitos jogadores na casa dos 30 ou acima dos 30 anos, Portugal mostrou que não era dependente de Ricardinho, a estrela da companhia, melhor jogador do Mundo por cinco vezes.

O melhor jogador do Mundo assumiu que era hora de a seleção portuguesa de futsal ultrapassar o aparente receio de "fazer história" e conquistar uma grande competição, como era o Euro2018. O 'mágico' disse à Lusa que tinha faltado "um clique" para converter o sonho em realidade e que "seria lindo conseguir fazer história", seguindo como exemplo a seleção de futebol, que, ao vencer o Europeu de 2016, "passou uma mensagem às outras modalidades de que todos são capazes".

Num grupo onde apuraram os dois primeiros, a turma de Jorge Braz começou bem, vencendo a Roménia por 4-1. Pedro Cary, Fábio Cecílio, Ricardinho e Bruno Coelho mostraram que Portugal estava com ambições fortes na prova. O ‘mágico’ aparecia pela primeira vez, mas Ricardinho ainda tinha muito para mostrar. Frente a Roménia, marcou aquele que deverá ser o melhor golo do torneio.

No derradeiro encontro do grupo C Portugal entrou já apurado, mercê da derrota da Roménia ante a Ucrânia, pelo que um empate bastava frente aos ucranianos para garantir o primeiro lugar. Mas era preciso dar outro sinal, com uma nova vitória. Bruno Coelho, Tiago Brito, Pedro Cary, Nílson Miguel e Ricardinho trataram de mostrar isso mesmo, em mais uma exibição categórica. Ricardinho mostrou porque no mundo não há como ele, ao marcar um golo de letra, em mais um momento mágico do baixinho do Inter FS de Espanha.

Se a fase de grupos tinha sido boa, que dizer dos quartos-de-final? Goleada por 8-1 contra o Azerbaijão, com Ricardinho a espalhar magia. Marcou quatro golos e passou a ser o melhor marcador de sempre dos campeonatos europeus, com 21 golos. Pedro Cary (2), Pany Varela, e Bruno Coelho fizeram os outros tentos, num jogo que Portugal até começou a perder. Numa exibição de classe, Portugal tornou-se na primeira equipa a marcar por cinco vezes numa primeira parte dos quartos-de-final de um europeu de futsal.

O último obstáculo até ao jogo mais importante seria a Rússia de Eder Lima, Robinho e Chishkala. O historial de encontro entre as duas seleções dava favoritismo à Rússia, vice-campeã mundial em título (2016) e já campeã europeia uma vez, em 1999, além de mais cinco presenças em finais, incluindo nas últimas três edições, perdidas com Espanha (duas) e Itália (uma). Uma seleção que tinha vencido dois e empatado um dos três encontros que tinha feito com Portugal.

Tal como tinha acontecido na ronda anterior com o Azerbaijão, Portugal entrou a perder, graças a um golo de Éder Lima. O primeiro tempo não correu bem a Portugal, que viu Robinho atirar uma bola à barra. Mas Jorge Braz corrigiu os movimentos da equipa no segundo tempo e Portugal arrancou para a vitória, com André Coelho em bom plano. Empatou numa ´bomba` de fora da área aos 30 e repetiu a dose aos 36, em dois ´tiros` felizes do ala português.

Com a Rússia a atacar com guarda-redes avançado, no 5 para 4, Bruno Coelho aproveitou uma perda de bola para fazer o 3-1 e quase sentenciar o jogo. Éder Lima ainda bisaria no último minuto, transformando os restantes segundos em sofrimento para Portugal que aguentou as investidas russas e carimbou o passaporte para a final, a segunda da sua história.

A Espanha, seleção que bateu Portugal na única final lusa em europeus (2010, na Hungria), era o adversário. Ao contrário de Portugal, que venceu todos os jogos até ao derradeiro encontro, a seleção de ‘nuestros hermanos’ sofreu e muito para atingir a final. Foi preciso grandes penalidades nas meias-finais para afastar o Cazaquistão.

Na final, perante mais de 10 mil pessoas no Arena Stozice pedia-se uma exibição de gala e muita segurança defensiva para bater uma seleção, sete vezes campeão europeia. Mesmo não tendo feito uma caminha brilhante até a final, a Espanha é sempre... a Espanha. O historial de jogos entre as duas seleções podia não meter medo a estes trintões de barba rija, mas assustava: em 26 jogos, Portugal só tinha vencido por uma vez a Espanha. As 21 derrotas nos anteriores encontros davam alguma vantagem moral à Espanha-

Ricardinho começou por dar vantagem aos lusos logo no primeiro minuto, mas antes do intervalo Marc Tolrà Marc Tolrà empatou. No segundo tempo, Lin confirmou a reviravolta num livre muito bem estudado. A equipa de Jorge Braz só empataria a um minuto e meio do final por Bruno Coelho, quando Portugal já jogava com guarda-redes avançado, no 5 para 4.

No prolongamento, já depois de Ricardinho ter saído lesionado (lembram-se do Euro de futebol? Cristiano Ronaldo saiu lesionado, Éder fez o Parque dos Príncipes ouvir ‘A Portuguesa’ no melhor momento desportivo de Portugal), Bruno Coelho fez história na marcação de um livre direto e deu o primeiro título de futsal a Portugal. Uma caminhada 100 por cento vitoriosa.

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