O ciclista francês Clément Champoussin (AG2R) escapou hoje ao ‘top-4’ da geral para vencer isolado a 20.ª e penúltima etapa da Volta a Espanha, marcada pelo polémico abandono de Miguel Ángel López (Movistar).
Incluído desde cedo na numerosa fuga do dia, que seria anulada, o gaulês, de 23 anos, reapareceu a tempo de beneficiar da indecisão entre os favoritos Primoz Roglic (Jumbo-Visma), Adam Yates (INEOS), Enric Mas (Movistar) e Jack Haig (Bahrain-Victorious) para atacar a 1,5 quilómetros da meta, obtendo um inédito triunfo na carreira profissional.
Champoussin cumpriu os 202,2 quilómetros entre Sanxenxo e Mos em 5:21.50 horas, menos seis segundos face ao esloveno Primoz Roglic, bicampeão em título e líder incontestado da geral, enquanto o britânico Adam Yates foi terceiro, a oito segundos.
O corredor da Jumbo-Visma reforçou a liderança da camisola vermelha, seguido do espanhol Enric Mas, segundo, já a 2.38 minutos, e do australiano Jack Haig, que subiu a terceiro da geral, a 4.48, por troca com o ‘superman’ Miguel Ángel López, desistente dois dias depois da vitória no Altu d’El Gamoniteiru.
Apenas o contrarrelógio individual de domingo, com 33,8 quilómetros, entre Padrón e Santiago de Compostela, separa Primoz Roglic da consagração pelo terceiro ano consecutivo na terceira e última das provas rainhas do calendário velocipédico mundial.
O esloveno, vencedor do contrarrelógio nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, domina todos os prognósticos, apesar das más memórias da Volta a França em 2020, quando perdeu a liderança nessa especialidade na penúltima etapa para o compatriota Tadej Pogacar.
Numa etapa propícia a fugas, o pelotão aceitou essa tendência após o quilómetro 40 e ficou sob controlo da Jumbo-Visma, vendo escapar 16 ciclistas, que tiveram mais de 11 minutos de vantagem, antes de a INEOS acelerar o ritmo e começar a diluir distâncias.
Enquanto Ryan Gibbons (UAE Emirates) foi descolando com tranquilidade no topo, a equipa britânica, com os seus líderes, Adam Yates e Egan Bernal, longe da luta pela vitória na geral, alternaram ataques a caminho do Alto de Mougás (primeira categoria).
A maioria dos favoritos conseguiu acompanhar essas investidas, incluindo Jack Haig e o seu companheiro Gino Mäder, que desarmaram Miguel Ángel López a cerca de 50 quilómetros da meta, com o suíço a capitalizar também o crescente atraso de Bernal, ao ponto de o ter destronado no fim da etapa com a subida ao topo do prémio da juventude.
O colombiano tentou minimizar danos, mas não tinha gregários por perto e via o objetivo de ‘segurar’ um lugar no pódio a desmoronar irremediavelmente, tendo, a quase 20 quilómetros, saído da bicicleta e sentado na estrada sem motivo aparente, perante a estupefação de colegas e dirigentes, que procuraram convencê-lo a continuar em prova.
Só que nem o diretor Patxi Vila ou o companheiro Imanol Erviti demoveram Miguel Ángel Lopez, que desistiu no Alto de Prado (segunda categoria), enquanto as acelerações de Yates, perseguido por Roglic e Mas, esbatiam o domínio de Gibbons e Mikel Bizkarra (Euskatel-Euskadi) almejava a primeira vitória espanhola em ‘grandes voltas’ em 2021.
Numa etapa com centenas de bandeiras portuguesas nas bermas, dada a proximidade com a região norte do país, o sul-africano foi apanhado a 3,5 quilómetros e cruzou o Alto Castro de Herville (segunda categoria) em oitavo, 26 segundos após o triunfo de Clément Champoussin, mais lesto, perante a vigilância mútua entre Roglic, Iates, Mas e Haig.
Se Ryan Gibbons sorriu apenas na classificação diária de pontos, numa geral dominada pelo holandês Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep), o australiano Michael Storer (DSM) venceu três contagens de montanha e ‘selou’ a camisola de pontos azuis.
Um dia depois da vice-liderança em Monforte de Lemos, o português Rui Oliveira (UAE Emirates) chegou na 77.ª posição, a 24.45 minutos, subindo a 75.ª da geral, ao passo que Nelson Oliveira (Movistar) foi 66.º, a 22.24 minutos, e melhorou seis lugares, chegando a 72.º.
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