Tadej Pogacar e Wout van Aert são responsáveis por uma ‘cisão’ no pelotão da 83.ª Volta a Portugal, com as opiniões dos ciclistas nacionais a dividirem-se no momento de apontar quem é o melhor do mundo.

O tema gerou grande debate na última Volta a França, depois de o diário desportivo francês L’Équipe definir o belga da Jumbo-Visma como o melhor ciclista da atualidade, estendendo-se, agora, aos bastidores da 83.ª Volta a Portugal.

“Eish… são muitos [os melhores]. Depende. Para mim, o Van Aert. Há vários aspetos para decidir isso. Se estivermos a falar em termos de uma geral, o Pogacar. Agora, em termos daquilo que eu gosto, o Van Aert. Pela maneira de competir, é o meu favorito”, assumiu à Lusa Rafael Reis.

O primeiro camisola amarela desta edição da prova ‘rainha’ do calendário velocipédico nacional não evitou a gargalhada quando instado a comentar a exibição no Tour do ‘incrível WVA’, que ganhou a classificação por pontos (com recorde), três etapas e o prémio de mais combativo, além de ter andado quatro dias de amarelo e ter desempenhado um papel decisivo na vitória final de Jonas Vingegaard.

“Foi uma coisa mesmo fora do normal. Estão lá os melhores do mundo, é o nível mais alto que se pode encontrar no ciclismo e ele conseguir fazer aquilo, é uma coisa que poucos vão conseguir no ciclismo”, notou o ciclista da Glassdrive-Q8-Anicolor.

‘Rafa’ não está sozinho na defesa de Van Aert, já que também Márcio Barbosa (ABTF-Feirense), depois de ter feito a ressalva de que “não é fácil” escolher, nem hesitou em nomear o belga como o seu favorito.

“Gosto da maneira do Van Aert correr. É um ciclista que tem vitórias no ciclocrosse, tem vitórias na estrada, e, para mim, é um ciclista completo. Neste momento, a nível mundial, é dos melhores”, afirmou, destacando o “trabalho excecional” que o ciclista da Jumbo-Visma fez nas últimas edições da Volta a França, nas quais esteve “em torno do líder, ganhou etapas, prólogos, contrarrelógios” e “até já chegou a vencer etapas de montanha”.

Para Márcio Barbosa, ‘WVA’ deu um salto de qualidade esta temporada em relação ao seu eterno rival, o neerlandês Mathieu van der Poel.

“Mas tanto um como outro são muito bons ciclistas. Esses talentos já vêm de novos, do ciclocrosse, do BTT, e agora vindo para a estrada foram uma mais-valia. Essas equipas deram-lhes as mãos e eles agora estão a fazer um ótimo trabalho. É um exemplo para todo o resto da modalidade”, defendeu, em declarações à Lusa.

Igualmente fã do estilo ‘inquieto’ do belga de 27 anos, João Matias aponta, ainda assim, o esloveno da UAE Emirates como o melhor do mundo.

“Podia dizer que era eu, para mim sou eu [ri-se]. Na minha opinião, é o Tadej Pogacar”, declarou o já vencedor de duas etapas na 83.ª Volta a Portugal.

Para o ciclista da Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados, “Van Aert será um multifunções, um homem de espetáculo”.

“Eu, pessoalmente, se calhar, até admiro mais o ciclismo do Wout van Aert, porque fazendo a parte do ciclocrosse e das clássicas… ele é montanha, ‘sprint’, contrarrelógio, é tudo. Em termos de ciclista mais completo, será ele, mas quando falamos do melhor ciclista do mundo e do melhor de todos os tempos, falamos de um voltista. Foram os grandes atletas. Eu contra mim falo, mas, na minha opinião, o Tadej é o melhor”, justificou.

Outro incondicional do talentoso bicampeão do Tour (2020 e 2021) é Luís Gomes que, após o impacto inicial da pergunta, disparou: “Para mim, o melhor ciclista do mundo é o Tadej Pogacar. É um ciclista muito completo”.

“Ele ‘sprinta’, faz contrarrelógios, ele sobe. E é um ciclista que gosto de ver na televisão, gosta de atacar, assim como eu também gosto de o fazer. Quando estou bem, gosto de atacar e dar um bom espetáculo, que é isso que os adeptos gostam de ver no ciclismo”, completou.

O combativo corredor da Kelly-Simoldes-UDO, ‘rei da montanha’ na Volta2019 e vencedor da classificação por pontos no ano seguinte, elogiou a “nova geração, de ciclistas jovens e irreverentes”, que “dão um pouco de alma ao ciclismo e vieram revolucionar a modalidade”.

“Acaba por haver mais espetáculo. Não é aquele ciclismo monótono, com uma equipa a puxar e em que o pelotão vai-se fracionando e os ciclistas vão descolando. Acho que assim o público gosta mais”, vincou o ciclista de 28 anos, em declarações à Lusa.

Também Hugo Nunes é um ‘discípulo’ do ciclismo de ataque, indicando o esloveno de 23 anos como o melhor do mundo, apesar de ‘Pogi’ ter sido destronado por Vingegaard neste Tour, que definiu como “espetacular”.

“É um ciclista atacante, um estilo que eu gosto e tento fazer também nas corridas. Não ganho tanto como ele, mas é um ciclista que me enche os olhos”, confessou, deixando ainda elogios a Van Aert, que é “bom a tudo”.

O jovem da Rádio Popular-Paredes-Boavista, de 25 anos, acredita que os representantes da sua geração mudaram “alguma coisa” na modalidade.

“Os ciclistas cada vez atacam mais e já não são tão metódicos. Isso eu gosto bastante, porque também sou um ciclista atacante. Às vezes, resulta, outras vezes, não”, reforçou.

Divididos na eleição do melhor do mundo, os representantes das equipas nacionais coincidem, contudo, numa opinião resumida na perfeição por Rafael Reis: “O ciclismo é muito melhor assim”.

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