A Glassdrive-Q8-Anicolor tem a oportunidade de ‘agarrar’ a vaga deixada livre pela W52-FC Porto e tornar-se na incontestável dominadora da 83.ª Volta a Portugal em bicicleta, um ‘destino’ dependente da luta de egos interna que possa existir.
Como diz o ditado, ‘rei morto, rei posto’: na ausência da W52-FC Porto, impedida de alinhar na 83.ª edição depois de a União Ciclista Internacional ter retirado a licença à equipa que ‘imperou’ na Volta na última década, devido ao escândalo de ‘doping’ que envolve (quase) toda a sua estrutura, caberá à Glassdrive-Q8-Anicolor a ‘honra’ de assumir as despesas da corrida, mesmo que o seu diretor desporto, Rúben Pereira, insista que a sua é apenas “mais uma” das formações candidatas.
Não é. A Glassdrive-Q8-Anicolor é a favorita número um a levar a amarela para casa, em 15 de agosto, em Gaia, depois de ter perdido (escandalosamente) a edição de 2021 por apenas 10 segundos para o portista Amaro Antunes, o bicampeão em título, devido a uma sucessão de erros que tiveram verdadeiro impacto na classificação final de Mauricio Moreira – além dos 40 segundos de penalização por duplo abastecimento irregular na etapa da Torre, também o reconhecimento (único) do contrarrelógio, no qual o uruguaio caiu, pecou por escasso.
Embora tenha estado discreto durante a temporada, na qual teve covid-19 e esteve lesionado, o vice-campeão da passada edição é, sem dúvida, o principal candidato a suceder a Antunes no palmarés dos vencedores, quer pela exibição dada há dias no Grande Prémio Anicolor, quer pelo facto de ser ciclista mais completo entre os favoritos, capaz de ganhar em montanha, como aconteceu na Senhora da Graça, mas também no ‘crono’.
Como tantas vezes aconteceu com os ‘dragões’, ‘Mauri’, de 27 anos, encontrará os seus maiores rivais dentro de ‘casa’, sendo Frederico Figueiredo aquele que se perfila como o corredor mais capaz de contrariar a teórica superioridade do seu colega uruguaio, na edição que arranca na quinta-feira, em Lisboa.
Contra si, o trepador de 31 anos, terceiro classificado da edição especial de 2020, tem a escassez de chegadas em alto – são só três – e as evidentes debilidades no contrarrelógio, especialidade em que António Carvalho, o mais antigo dos líderes da Glassdrive-Q8-Anicolor, se costuma dar bem.
Resta saber se os objetivos individuais e os egos de cada um não se sobrepõem ao desejo da equipa, que tem dominado a temporada a seu ‘bel-prazer’, à imagem do que fez na última edição da prova ‘rainha’ do calendário nacional, na qual conquistou seis etapas (em 11), a camisola dos pontos com Rafael Reis e a classificação por equipas.
O poderio da Glassdrive-Q8-Anicolor não encontra rival noutras equipas, embora a nova Efapel, a formação de José Azevedo que lhe ‘roubou’ o patrocinador, e a experiente Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel sejam aquelas que mais se aproximam: a primeira confia no duo Joaquim Silva-Tiago Antunes, ainda sem credenciais na prova, para lutar pela geral – com o apoio de Henrique Casimiro e João Benta, dois ex-candidatos -, e a segunda aposta numa liderança ‘bicéfala’ de galegos.
No ano do adeus ao pelotão e à ‘sua’ prova, Alejandro Marque, de 40 anos, quererá despedir-se em beleza, depois de no ano passado já ter surpreendido tudo e todos ao vencer na Torre, andar de amarelo e acabar no terceiro lugar, um degrau que já tinha ocupado no pódio final em 2015.
O vencedor da Volta2013 terá ao seu lado Delio Fernández, o terceiro classificado de 2014, de regresso a Portugal após depois de seis temporadas na extinta Delko e com vontade de ‘retomar’ a sua luta onde a deixou, tal como outro espanhol, Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho), o ‘vice’ das edições de 2017 e 2018.
Numa edição menos montanhosa, André Cardoso (ABTF-Feirense) não deverá aspirar a mais do que um possível lugar no pódio – a amarela será para outros -, assim como Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), com uma eventual surpresa entre as formações estrangeiras a ser praticamente de descartar, dado o modesto nível das equipas ‘convidadas’.
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