O Velo Clube do Centro, a correr como Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, foi fundado há 25 anos por Pedro Silva e lança, na Volta a Portugal que hoje se inicia, uma caderneta de cromos para imortalizar as suas glórias.
Assente numa filosofia de “esforço, trabalho, honestidade, as bases de qualquer sociedade que se queira bem”, diz à Lusa o diretor desportivo, Gustavo Veloso, a equipa granjeia simpatia e vive o momento mais fulgurante da sua história.
A caderneta ajuda a imortalizar momentos como os três triunfos na edição de 2023 da Volta, com Leangel Linarez e João Matias, mas muitos outros que mostram o desenvolvimento de uma equipa “que nasceu de baixo, com as escolinhas”, assente no antigo ciclista e presidente Pedro Silva, que morreu em 2021, na gente de Mortágua (distrito de Viseu) e na atual presidente, Leonor Silva.
“O Pedro foi quem meteu a semente e cuidou muito bem da árvore que foi crescendo. Assentou as bases do que somos hoje em dia. Por desgraça, o Pedro já não está aqui, mas os seus conselhos e maneira de trabalhar continuam na equipa. Isso é um bocadinho o resumo destes 25 anos”, diz o galego que dirige os destinos desportivos da equipa.
Xavier Silva, filho de Pedro Silva e diretor desportivo adjunto, lembra o papel do pai ao fundar um conjunto “humilde, em que tudo se consegue à base do trabalho, com espírito de equipa, de dar tudo pelo companheiro”.
“A partir da perda dele continuámos com o projeto. Os valores que trouxe para a equipa mantêm-se ao dia de hoje. (...) Queríamos lançar esta caderneta inédita na Volta, um artefacto que queremos que possa perpetuar estes 25 anos, com amantes da modalidade, simpatizantes da equipa e colecionadores”, declara.
Além de fazer em ‘cromos’ ciclistas como João Matias, Linarez ou Bruno Silva, bem como todo o ‘staff’, deixa impressos vários “momentos marcantes na história do projeto”, que se quer “eternizar”.
A equipa vai distribuir caderneta e cromos no autocarro colocado nas partidas e chegadas da 85.ª edição, que hoje arranca em Águeda e termina em 04 de agosto, em Viseu, e há “um prémio para quem completar a caderneta, uma camisola autografada por todos”, num exemplo da forma como gostam de interagir e aproximar todos os amantes da modalidade.
Adepto da filosofia embora tenha corrido em Portugal por outras equipas, tendo como ponto alto o ‘bis’ na Volta em 2014 e 2015, Gustavo Veloso lembra que parte destes valores estão no “saber perder”.
“Perdemos muito mais dias do que ganhamos. Alguns atletas, como o Tadej Pogacar [vencedor da Volta a Itália e Volta a França este ano], ganha muitos mais dias, mas o normal é perder muito mais dias para ganhar só um, dois ou três. Temos de ser bons é na derrota. Na vitória, toda a gente está feliz”, afirma.
O diretor desportivo nota as três vitórias em etapa em 2023 como ponto alto, depois de em 2022 se estrearem a vencer na Volta. “Vamos ver se no futuro ainda conseguimos melhorar”, atira.
Já Xavier Silva nota como a equipa se soube “reerguer, após tempos muito complicados” na sequência da perda do pai, embora a equipa tenha feito jus aos versos de José Mário Branco em “Ser Solidário”: “Fazer de cada perda uma raiz/e improvavelmente ser feliz”.
“Estamos a fazer o que ele queria: sermos felizes a andar de bicicleta, sendo profissionais. Temos a certeza que ele estará feliz. (...) Sentimos o carinho. Na estrutura, somos todos amáveis com o público, gostamos de interagir e que as pessoas se sintam parte deste projeto, que é do interior, onde tudo é mais complicado. Dá-nos força para continuar”, acrescenta.
A 85.ª Volta a Portugal arranca hoje, com o prólogo, em Águeda, terminando, 1.539,5 quilómetros depois, em Viseu, em 04 de agosto.
Comentários