O britânico Geraint Thomas (INEOS), campeão em título da Volta a França, garantiu hoje não ter nada a provar, desvalorizando, ironicamente, aqueles que consideram que a sua vitória em 2018 foi um sucesso irrepetível.
“Não sinto que tenha de provar nada a ninguém, embora haja quem defenda que eu sou um ‘one hit wonder’ [sucesso único, em tradução livre]. Se assim for, que bom sucesso foi”, acentuou, antes de afastar a pressão de defender o título conquistado no ano passado, recorrendo a uma nova alusão musical com o famoso “o que será, será”, historicamente cantado por Doris Day.
Dono de um humor refinado, o galês arrancou risos da audiência, com afirmações irónicas e mordazes, quando argumentou que o inglês fluente do colombiano Egan Bernal, o outro líder da INEOS, é uma preciosa ajuda para o bom funcionamento da equipa: “Parece uma questão menor, mas não é”.
Questionado sobre se a ausência de Chris Froome, o quatro vezes vencedor do Tour (2013, 2015, 2016 e 2017) que na passada edição se conformou com o terceiro lugar e o ajudou a conquistar a amarela, permitirá que a corrida seja mais aberto, Thomas disparou simplesmente: “espero que não”.
“Espero que um de nós ganhe e que seja um Tour rotineiro. É uma pena que o Chris não esteja, mas é assim a vida. Estamos aqui nós. Todos sabemos o que fazer e tentaremos apreciar a corrida e fazer o que fazemos todos os anos”, declarou, assumindo, ainda assim, que a 106.ª edição pode ser “ligeiramente diferente” e que a sua equipa, em vez de ter cinco ciclistas entre os homens da frente, talvez só tenha três.
Convidado a nomear quem serão os seus principais rivais na edição que arranca no sábado, em Bruxelas, e termina em 28 de julho, em Paris, o galês, de 33 anos, corrigiu o termo, garantindo não ter rivais, mas sim “bons” colegas de profissão a quem deve estar particularmente atento, nomeadamente os gémeos britânicos Adam e Simon Yates (Mitchelton-Scott), o italiano Vincenzo Nibali (Bahrain Merida), os ‘tipos’ da Movistar, o australiano Richie Porte (Trek-Segafredo) e, sobretudo, o dinamarquês Jakob Fuglsang (Astana).
“Teve um ano fantástico, esteve no pódio em todas as provas que disputou. Está na forma da vida dele. Se puder estar uns furos atrás de mim e do Bernal, seria bom”, completou.
Menos à vontade diante dos cerca de 200 jornalistas que lotaram a sala de hotel reservada para a conferência de imprensa da sucedânea da todo-poderosa Sky, o colombiano de 22 anos declarou-se “muito tranquilo” para aquela que será a sua segunda participação na ‘Grande Boucle’, a primeira como chefe de fila.
“Às vezes, sinto que a imprensa sente mais pressão do que eu. São vocês que falam de pressão. Tenho bons companheiros, não quero pensar na pressão, em ganhar ou não, quero apenas desfrutar do Tour”, reforçou.
Apesar de ser “muito jovem”, Bernal está “numa equipa com muita experiência”.
“Para mim, torna-se mais fácil, por ter companheiros que posso seguir”, acrescentou, sendo corroborado pelo diretor da equipa, Dave Brailsford, que assegurou que o colombiano pode não ter idade, nem experiência, mas está preparado para o desafio de liderar a formação britânica neste Tour.
Comentários