“Não quis correr mais o risco de perder um ‘sprint’. Já há muito tempo que reconhecemos o percurso, sabíamos que seria exigente, com várias subidas e descidas. O plano era tentar qualquer coisa para a classificação geral e a camisola verde. Atacámos em força na última contagem, com esses dois propósitos em mente”, explicou o belga, que tem como objetivo declarado neste Tour subir ao pódio final como vencedor da classificação por pontos.
Pelo rádio, o camisola amarela e os seus colegas ouviram que a sua movimentação fez “estragos” no pelotão e resolveram continuar a ‘forçar’ o ritmo, até que ‘WVA’ deu por si inesperadamente isolado na frente.
Uma das figuras do Tour2021, o ex-gregário de luxo da Jumbo-Visma, transformado em ‘corredor livre’ nesta edição, asseverou que teria dado “meia-volta” para ajudar Vingegaard e Roglic, respetivamente sexto e sétimo na geral, caso os líderes da formação neerlandesa estivessem em apuros.
“Queria mostrar que a camisola amarela dá asas. Senti-me a voar nos últimos 10 quilómetros. Ganhar uma etapa desta maneira, com o ‘maillot jaune’, é bonito”, disse, justificando o gesto com que celebrou o seu sétimo triunfo em quatro edições da ‘Grande Boucle’.
Van Aert consolidou a liderança da geral na véspera de uma etapa que, na sua opinião, será “muito difícil e nervosa”.
“Metade da equipa é formada por corredores de clássicas, estamos habituados aos ‘pavés’. Para nós a questão não será acabar a etapa sem problemas, temos a oportunidade de fazer qualquer coisa. Adoro uma etapa deste género no Tour”, reconheceu.
A performance do belga de 27 anos mereceu elogios de colegas e adversários, a começar por Primoz Roglic, um dos seus fãs número um.
“Ele é louco, completamente louco. É meio homem, meio motor. Não podíamos esperar melhor, é simplesmente incrível. Estou verdadeiramente muito orgulhoso por fazer parte desta equipa”, resumiu o vice-campeão do Tour2020, demonstrando uma vez mais a admiração pelo seu companheiro, essencial em tantas das suas vitórias.
Também Tadej Pogacar (UAE Emirates), bicampeão em título e terceiro da geral, a 32 segundos de ‘WVA’, se rendeu ao homem da Jumbo-Visma.
“Era claramente o mais forte hoje, ‘dinamitou’ toda a concorrência. É um justo vencedor”, declarou.
O líder da UAE Emirates assumiu que já esperava uma movimentação da equipa neerlandesa hoje. “Van Aert estava em ‘fogo’. Se há uma equipa capaz de atacar desta forma é a Jumbo-Visma. Já o fizeram antes e estão muito fortes”, completou, referindo-se ao final da primeira etapa do Paris-Nice, quando Van Aert, Roglic e Christophe Laporte, terceiro hoje em Calais, ocuparam as três primeiras posições.
“Será uma etapa difícil, espero uma grande jornada e que não tenhamos quedas. Penso que nos vamos divertir muito, mas aqueles que estão no sofá em casa ainda mais”, antecipou ‘Pogi’ sobre os 157 quilómetros entre Lille e Arenberg Porte du Hainaut, que incluem 19,4 quilómetros de ‘pavé’, numa réplica em menor escala da Paris-Roubaix.
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