Romain Bardet mostrou hoje que é um dos ciclistas mais inteligentes do pelotão, fazendo uma perfeita leitura de corrida para conquistar a sua primeira vitória na Volta a França, numa 18.ª etapa sem história para as contas da geral.
Conhecido por ser o inteletual do pelotão – é estudante do último ano do curso de Gestão e tem uma licenciatura em direito público internacional –, o jovem da AG2R-La Mondiale entrou na fuga do dia, escolheu o momento preciso para atacar, desceu com habilidade e enfrentou a última subida em gestão de esforço, mas com suficiente habilidade para segurar o seu primeiro triunfo no Tour e esquecer as performances desapontantes dos primeiros dias.
“Estou tão feliz, é tão difícil ganhar uma etapa”, disse, exultante o corredor de 24 anos, que subiu a pulso na geral, à base de muitas presenças em fugas, e já está na décima posição, sendo também o melhor francês.
Hoje, ao contrário do que aconteceu na 14.ª etapa, Bardet não se perdeu em vigilâncias aos rivais franceses – nesse dia hipotecou a vitória por se ter preocupado unicamente com Thibaut Pinot (FDJ) – e a 41 quilómetros da meta, em pleno Col de Glandon, percebeu que aquele era o momento do tudo ou nada.
“Conhecia o percurso, tínhamo-lo reconhecido num estágio na primavera. Os últimos quilómetros tornaram-se demasiado longos. No alto dos Lacets de Montvernier, parecia que estava num verdadeiro estádio. Os gritos de apoio repercutiam-se em eco, fizeram-me ficar com pele de galinha”, descreveu o segundo francês a vencer neste Tour, depois de completar a tirada em 05:03.40 horas.
Para falar do primeiro triunfo do ciclista da AG2R-La Mondiale na prova nacional, há que desenrolar o novelo de acontecimentos dos 186,5 quilómetros entre Gap e Saint-Jean-de-Maurienne. Partida real e na frente já andavam um par de aventureiros, um número que, aos 14 quilómetros, tinha ascendido a 29.
O numeroso grupo, com gente da importância de Bardet, Jakob Fuglsang (Astana), Pinot, Roman Kreuziger (Tinkoff-Saxo), Rohan Dennis (BMC), Thomas De Gendt (Lotto-Soudal), o camisola da montanha Joaquim Rodriguez (Katusha), Thomas Voeckler (Europcar), Andrew Talansky, Ryder Hesjedal e Dan Martin (Cannondale-Garmin), Jan Barta (Bora-Argon 18) ou Serge Pauwels (MTN-Qhubeka), ultrapassou duas contagens de segunda categoria, três de terceira até chegarem às duríssimas pendentes do Glandon.
Os 21,7 quilómetros, com inclinação média de 5,1 %, da subida de categoria especial reduziram progressivamente a frente da corrida até deixar Bardet isolado e incentivaram ataques no grupo de favoritos, com Contador a unir-se a Robert Gesink (Lotto NL-Jumbo), Warren Barguil (Giant-Alpecin) e Mathias Frank (IAM Cycling) para distanciar-se de Froome e Nibali a acelerar para expor as debilidades da Valverde.
Mas a descida que se seguiu repôs união no grupo dos candidatos, adiando todas as decisões para os belíssimos Lacets de Montvernier, uma sucessão de curvas desenhadas nas rochas, com uma pendente média de 8,2 %, localizadas a apenas dez quilómetros da meta.
Aí, com a etapa entregue a Bardet, o segundo lugar a Pierre Rolland (Europcar), que chegou a 33 segundos, e o terceiro a Winner Anacona (Movistar), que demorou mais 59 segundos, os candidatos nada fizeram para distanciar Chris Froome (Sky) que, a três dias de Paris, segue de amarelo com uma vantagem de 03.10 minutos sobre o seu vice, o colombiano Nairo Quintana, e 04.09 sobre o espanhol Alejandro Valverde, também da Movistar.
Nélson Oliveira continua em crescendo nesta Volta a França, depois de ter sido 38.º na etapa, a 14.51 minutos do vencedor, e subiu à 46.ª posição, a 01:44.46 horas de Froome.
Tiago Machado (Katusha) e José Mendes, que hoje chegaram juntos, são, respetivamente, 73.º, a 02:17.16 horas, e 144.º, a 03:26.43.
Na sexta-feira, os Alpes voltam a testar a amarela do vencedor do Tour2013, nos 138 quilómetros entre Saint-Jean-de-Maurienne e a primeira categoria de La Toussuire, depois de ultrapassado o Col de la Croix de Fer.
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