O ciclista esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates) mostrou-se hoje confiante para a última semana da Volta a França, que lidera com 3.09 minutos sobre o dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), esperando “fogo de artifício” até final.
“Temos de estar confiantes de que podemos ir ao nosso ritmo. Temos uma equipa muito boa. Vingegaard disse que não vai desistir e acho que está correto. Vai ser uma última semana muito dura e tenho a certeza que vamos ver fogo de artifício”, declarou o camisola amarela, numa conferência de imprensa virtual no último dia de descanso do Tour.
Depois de duas vitórias seguidas na alta montanha, no sábado e no domingo, numa corrida em que já leva três triunfos em etapa, o esloveno cimentou a sua liderança em busca de um terceiro Tour no palmarés, depois de 2020 e 2021, e uma segunda grande Volta consecutiva, tendo já ganho a Volta a Itália.
Como principal rival tem o dinamarquês, que é o vigente bicampeão da ‘Grande Boucle’, ladeado por uma Visma-Lease a Bike que, antecipou, “estará a escolher uma das etapas de alta montanha, sexta-feira ou sábado”, para atacar.
“Vamos fazer a nossa corrida e dar tudo para defender o nosso lugar”, afirmou simplesmente, quando questionado sobre a estratégia para lidar com esses ataques.
De resto, a 19.ª e antepenúltima etapa, na sexta-feira, que liga Embrun a Isola 2000 em 144,6 quilómetros, é “muito agradável”, descreveu.
“Adoro o Col de la Bonette [uma das subidas do dia], fi-la o ano passado, em agosto, e é super agradável. Estou muito ansioso”, reforçou.
Para a última semana, diz, não tem “medo de nada”, só antecipação por desfrutar, ainda que seja “muito dura” e prometa dificuldades, até pela ‘cronoescalada’ final, em Nice.
“Não quero ficar doente, quero evitar isso, porque há covid-19 no pelotão. Nas subidas, é duro evitar isso, entre o pelotão, mas vou fazer figas para que me mantenha fresco”, referiu.
Questionado sobre as diferenças entre a preparação este ano e no ano anterior, em que ficou em segundo lugar, lembrou um “grande trabalho de preparação e um calendário até aqui muito bom”, que incluiu a vitória no Giro.
“Sinto-me melhor na bicicleta, acho que isto é parte do meu crescimento como ciclista”, atirou, notando: “Espero que possamos ver algo como isto [a superação] todos os anos. Toda a gente se foca tanto nos detalhes, em cada grama de comida, em cada ‘watt’ na montanha. Estamos muito rápidos e é impressionante assistir a mudança nos últimos cinco anos”.
Prova disso, afirmou, é ter sido protagonista de “uma das grandes performances em subida de sempre”, no domingo.
“Quando vi os meus números, foi de doidos, sobretudo na parte em que Vingegaard saltou para a frente. Foram os números mais altos que ‘puxei’ na carreira, foi um grande dia”, sentenciou.
Se é “99% impossível” vê-lo na Volta a Espanha a seguir, Pogacar lembrou a sua primeira participação na Vuelta, em 2019, para notar como o ciclismo “está a evoluir tanto”, da tecnologia aos estágios de altitude à nutrição.
Tudo conta perante um Vingegaard “que veio preparado para lutar pela vitória”, analisou, incluindo a nutrição, lembrando que no início da carreira comia esparguete de manhã, e agora “há um pequeno-almoço mais normal, com a comida pensada e pesada para cada etapa, assim como o ‘timing’, o que já faz toda a diferença”.
“O dia de descanso tem sido muito bom. Demos uma volta em grupo, parámos numa padaria e, não digam ao meu nutricionista, comi um dos melhores ‘brownies’ da minha vida”, afirmou.
Na conferência de imprensa, também falou do terceiro à geral, o belga Remco Evenepoel (Soudal-QuickStep), contra quem pouco correu na carreira até este Tour.
“Finalmente estamos juntos numa grande Volta, e tenho ganho muito respeito por ele, pela forma como corre no pelotão, sem ser nervoso e com muito respeito por todos. Gosto de correr contra ele, tem muita classe”, elogiou.
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