José Azevedo vai, a partir de sábado, ‘matar o bichinho’ da corrida, ao ‘despir’ temporariamente a farda de ‘manager’ da Katusha Alpecin para ser mais um diretor desportivo no carro da equipa na Volta a França em bicicleta.
“A partir da altura em que assumi o papel de diretor-geral da equipa, as corridas que faço no carro não são tantas, mas, muito sinceramente, a minha paixão é a parte desportiva, é estar por dentro da corrida. O Tour, vou fazê-lo juntamente com o Dirk [Demol] no carro, porque para além de ser uma paixão minha também é importante ter duas pessoas no carro, porque é uma corrida complicada”, contou à Agência Lusa.
O facto de a Volta a França ‘obrigar’ a maiores atenções do que as outras provas – seja a consulta de mapas, o acompanhamento da emissão (e das incidências) das etapas através do pequeno ecrã colocado no carro ou o abastecimento dos ciclistas – justifica este regresso à estrada do português.
“Vim para a equipa em 2014, para ser o diretor desportivo e responsável pela parte desportiva da equipa. As coisas surgiram de forma natural, sem eu contar. Aquele que era o manager, o [Viatcheslav] Ekimov, saiu e a direção da equipa perguntou-me se eu estava disposto a assumir esse cargo. Aceitei pela envolvência, pelas áreas pelas quais já era responsável dentro da equipa, mas nunca foi o meu objetivo, nem algo que pensei na minha carreira vir a desempenhar. A partir da altura em que aceitei, tenho outras responsabilidades. Perdi a parte do terreno e isso deixa-me algumas saudades”, revelou.
O cargo assumido em 2016 implica que Azevedo seja o principal responsável pela gestão do dia-a-dia da formação, originalmente russa e agora suíça, incluindo casos complicados como o do ‘sprinter’ alemão Marcel Kittel, a estrela maior da Katusha Alpecin que em maio decidiu suspender a carreira e chegou a acordo para rescindir o contrato com a equipa.
“Para nós, é lógico que é uma situação bastante desagradável. Foi um investimento grande que fizemos no Marcel, uma parte do orçamento foi investida nele, e quando um corredor chega ao fim de quatro ou cinco meses e não tem rendimento e nos diz que não se sente capaz de continuar a correr, não nos deixa numa situação fácil de gerir”, admitiu.
Perante a vontade do alemão, vencedor de 14 etapas no Tour, de interromper o seu percurso profissional por se sentir “exausto” e necessitar de pensar “nos objetivos e planos para o futuro”, a única opção da Katusha era “respeitar”.
“Chegámos a um acordo para a rescisão e agora o mais importante é que ele recupere a motivação. O que ele disse é que não sabe se vai correr ou não, se vai voltar a ser ciclista. Já saíram notícias que para o ano vai correr, não sei. Muito sinceramente, para nós foi uma situação complicada, porque era um dos nossos líderes e quando a meio do ano para, não se consegue substituir”, acrescentou.
Azevedo garante que a equipa tudo fez para tratar Kittel “como um profissional e como uma pessoa”.
“Acho que da nossa parte não houve nenhum erro, temos a nossa filosofia, a nossa forma de trabalhar, o Marcel tinha as exigências dele, o que é normal num corredor daquele estatuto, mas agora ele é que pode responder a isso”, disse, ao ser questionado sobre o motivo que poderá ter levado uma das grandes estrelas do pelotão a decidir suspender a sua carreira.
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