O quinto lugar não era o que Ruben Guerreiro (EF Education-Nippo) esperava do seu “dia D” na Volta a França, mas o ciclista português revelou-se “orgulhoso” da prestação na 15.ª etapa e prometeu continuar a tentar vencer.

“O quinto lugar não é o que quero, mas é sempre uma motivação, um orgulho estar na frente com estes nomes todos. A fuga realmente tinha gente muito boa, mas tentei a minha sorte”, começou por contar à Lusa.

Ruben Guerreiro fez parte da fuga inicial da 15.ª etapa, à qual se juntaram posteriormente mais 26, para um total de 32 fugitivos entre os quais se incluíam o vencedor da tirada, Sepp Kuss (Jumbo-Visma), o veterano Alejandro Valverde (Movistar), que foi segundo, o novo camisola da montanha Wout Poels (Bahrain Victorious), Nairo Quintana (Arkéa-Samsic), Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo), ou o campeão mundial, Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep).

“O Kuss arrancou e o Valverde a seguir também, vi que não tinha andamento para eles e fiquei numa posição intermédia com o [David] Gaudu e o Quintana. Quando o Kuss saltou, fiquei mesmo sem pernas e tentei procurar o meu ritmo, sempre com a esperança de que ele não ganhasse muito tempo e que, a descer, eu pudesse encurtar distâncias, mas um minuto já uma distância considerável”, revelou.

No fim, admite, cometeu um erro: “Ataquei a 700 metros [da meta] para tentar surpreender, porque havia um grupo que estava a chegar, e para tentar fazer terceiro. Claro, gastei força aí e eles meteram-se na minha roda. A 300 metros, saltou o Poels, com muito mais velocidade para o ‘sprint’, não consegui fazer mais do que quinto, mas fico contente”.

Na sua estreia no Tour, o jovem de Pegões Velhos (Setúbal), de 27 anos, concluiu a tirada que tinha sublinhada no livro da prova a 01.15 minutos do norte-americano da Jumbo-Visma, no grupo encabeçado por Poels.

“Hoje, era o dia D. Era o dia do local onde passei um mês inteiro a treinar. Depois do Giro, passei aqui o meu estágio de altitude e, como este ano mudei a residência para aqui, estava muito confiante e muito motivado. Sabia que iam estar muitos portugueses e queria mesmo estar em fuga. Dei tudo, mais não conseguia dar”, confessou à Lusa.

Guerreiro promete não desistir de tentar vencer uma etapa até ao final da 108.ª Volta a França, que termina em 18 de julho, em Paris, até porque “estão a voltar as boas sensações”, aquelas que teve na Volta a Itália, antes de ser forçado a abandonar, devido a uma queda na 15.ª etapa.

O ‘rei da montanha’ do Giro2020 quer vingar no Tour a “amargura” que ficou dessa desistência, quando estava confiante de que iria “fazer uma última semana espetacular”, depois de ter trabalhado muito.

“Espero desfrutar de uma vitória de etapa até ao final”, reforçou, antes de assegurar que não pensa muito em terminar no ‘top 20’ - Guerreiro é atualmente 20.º da geral, a 44.01 minutos do camisola amarela, o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates).

“Mas temos uma classificação por equipas que passa a ser um objetivo – ganhar por equipas é uma coisa bonita. Estamos todos muito bem, mas o principal objetivo é o Rigoberto Úran fazer pódio”, apressou-se a completar.