A Volta a França em bicicleta recuou hoje no tempo com a vitória na quarta etapa de Mark Cavendish, que regressou aos triunfos no Tour após cinco anos sem vencer e aproximou-se do recorde de Eddy Merckx.
Convocado à ‘última hora’ pela Deceuninck-QuickStep para a 108.ª edição da Volta a França, para substituir um lesionado Sam Bennett, ‘Cav’ assumiu não se ter preparado para a prova, minimizou as suas possibilidades – embora tenha admitido que gostaria de ganhar em Fougères -, e ridicularizou as sugestões sobre um ‘assalto’ ao recorde de 34 triunfos do ‘Canibal’, mas hoje, meses depois de, em lágrimas, anunciar o final da carreira, regressou à glória no Tour.
“Não sei o que dizer. Estar aqui já era suficientemente especial. Não pensava que iria alguma vez regressar a esta corrida”, disse um emocionado Cavendish, depois de ‘renovar’ o triunfo em Fougères – tinha sido o último a vencer numa chegada a esta cidade, em 2015 – e de ganhar pela 31.ª vez na prova francesa.
Passaram 1.839 dias desde a última vitória na Volta a França do homem da Ilha de Man, que dominou os ‘sprints na ‘Grande Boucle’ durante quase uma década (2008-2016), antes de ‘descer aos infernos’, com uma depressão que foi tardiamente diagnosticada em agosto de 2018, pouco depois daquela que foi a sua última participação no Tour antes desta edição.
Hoje, no final da quarta etapa, que arrancou com um protesto dos ciclistas, milhões de espetadores de todo o Mundo assistiram a um ‘sprint’ clássico de Cavendish, como se o tempo não tivesse passado pelo britânico que se estreou no Tour há 13 anos, quando o atual camisola amarela, o holandês Mathieu van der Poel (Alpecin-Fenix), tinha precisamente essa idade.
“Quando tens o camisola verde e campeão do Mundo [Julian Alaphilippe] a lançar-te… tanta gente não acreditava em mim, mas eles [os companheiros de equipa] sim”, disse o segundo ciclista mais vitorioso da história da ‘Grande Boucle’, que hoje cortou a meta com o tempo de 03:20.17 horas, à frente do francês Nacer Bouhanni (Arkéa–Samsic) e do belga Jasper Philipsen (Alpecin-Fenix).
Os motivos de interesse da ligação de 150,4 quilómetros entre Redon e Fougères resumiram-se à partida e à chegada – Pierre-Luc Périchon (Cofidis) e, sobretudo, Brent Van Moer (Lotto Soudal) bem tentaram ser protagonistas, mas a sua fuga, formada nos momentos seguintes à greve, terminou com a ‘morte na praia’ do belga já dentro dos 200 metros finais.
Após a caótica terceira etapa de segunda-feira, marcada por várias e graves quedas, a ideia de uma greve começou a ganhar forma em várias publicações nas redes sociais, quer de ciclistas, quer das associações que os representam, e hoje, 500 metros depois de ser dada a partida real, os corredores pararam em sinal de protesto para com um percurso, que, clamam, é demasiado perigoso.
Os 177 ciclistas ainda em prova na 108.ª edição hesitaram em pôr o pé no chão, mas seguiram o exemplo do ‘sprinter’ André Greipel (Israel Start-Up Nation), um dos veteranos do pelotão, que assumiu a iniciativa e parou de pedalar.
Sem nunca descerem da bicicleta, os corredores protestaram durante cerca de um minuto, antes de regressarem à corrida, ao mesmo tempo que o Radio Tour explicava que os ciclistas rolaram devagar e pararam para “pedir um diálogo sobre a sua segurança, com todas as partes envolvidas na modalidade”.
A etapa prosseguiu sem percalços, com Rui Costa (UAE Emirates) a dar nas vistas no trabalho na frente do pelotão, em nome do campeão em título, Tadej Pogacar, e os homens da geral a terem, finalmente, um dia calmo, antes do primeiro grande teste à sua condição, os 27,2 quilómetros de contrarrelógio da quinta etapa, disputados na quarta-feira entre Changé e Laval.
Van der Poel continua a liderar a geral, com oito segundos de vantagem sobre o francês Julian Alaphilippe (Deceuninck-Quickstep), e 31 sobre o equatoriano Richard Carapaz (INEOS), terceiro.
Ruben Guerreiro chegou no pelotão e manteve a 32.ª posição, a 03.09 minutos da amarela, e Costa perdeu 01.07 minutos na tirada, descendo ao 81.º lugar, a mais de 10 minutos do holandês.
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