Marc Hirschi (Sunweb) inaugurou hoje o seu palmarés enquanto ciclista profissional com um merecido triunfo na 12.ª etapa da Volta a França, tornando-se no primeiro suíço a vencer no Tour desde Fabian Cancellara em 2012.
Era quase uma inevitabilidade depois das tentativas frustradas de Nice (foi segundo atrás de Julian Alaphilippe) e Laruns (andou fugido e foi ultrapassado quase no final, tendo de se contentar com o terceiro lugar) e, hoje, a vitória sorriu, finalmente, ao aguerrido jovem de 22 anos, que, na sua primeira presença numa grande Volta e naquele que é o seu segundo ano entre a elite, estreou o seu palmarés, sucedendo ao seu mentor, oito anos depois do último triunfo suíço no Tour.
“É incrível. Nunca pensei que poderia conseguir, porque era muito duro. Limitei-me a dar o máximo. É um sentimento indescritível: a minha primeira vitória profissional é no Tour!”, resumiu o campeão mundial de sub-23 em 2018, que cumpriu a tirada mais longa da 107.ª edição em 05:08.49 horas, diante do francês Pierre Rolland (B&B Hotels-Vital Concept) e do dinamarquês Soren Kragh Andersen (Sunweb).
O espetacular ataque de Hirschi no ‘muro’ de Suc au May, a contagem de segunda categoria situada a pouco mais de 25 quilómetros da meta, que deixou para trás os seus companheiros momentâneos de fuga, deve ter orgulhado o seu vizinho e 'manager' Cancellara, também ele (re)conhecido pelo espírito combativo de que o jovem da Sunweb parece um digno sucessor.
No dia em que um suíço voltou a ganhar e a caravana do Tour homenageou Raymond Poulidor, o homem que nunca vestiu a amarela, mas é o recordista de presenças no pódio final (oito), ao passar em Saint-Léonard-de-Noblat, a cidade do carismático ciclista que morreu em novembro passado, o pelotão percorreu 218 quilómetros entre Chauvigny e Sarran.
Na mais longa etapa desta edição, Luis León Sánchez (Astana), Imanol Erviti (Movistar), Nils Politt (Israeel Start-Up Nation) e Max Walscheid (NTT Pro Cycling) isolaram-se na frente aos oito quilómetros, unindo-se-lhes depois Mathieu Burgaudeau (Total Direct Energie) e Kasper Asgreen (Deceuninck-QuickStep), com a fuga a conquistar uma vantagem que rondou os dois minutos.
Com a CCC, de Greg Van Avermaet, e, sobretudo, a Bora-Hansgrohe a comandar o pelotão, na perspetiva de levar um aparentemente ansioso Peter Sagan à sua primeira vitória nesta edição, numa chegada que, tradicionalmente, seria ao seu jeito, os fugitivos foram apanhados a 43 quilómetros de meta, sucedendo-se então os ataques, até Marc Hirschi se isolar na subida para Suc au May.
O supercombativo deste Tour – é já um sério candidato a receber essa distinção em Paris – deixou para trás um grupo onde seguiam os seus colegas Kragh Andersen e Tiesj Benoot, Maximilian Schachmann (Bora-Hansgrohe), Quentin Pacher (B&B Hotels-Vital Concept) e Marc Soler (Movistar), e aguentou a perseguição dos seus companheiros de escapada e também de Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep), autor de um ataque demolidor desde o pelotão e azarado do dia, com uma avaria nos derradeiros quilómetros – foi apenas 11.º, a 01.48 minutos.
Os dois grupos uniram-se, sem sucesso, para tentar apanhar Hirschi, com o veterano Pierre Rolland, que tinha seguido Julian Alaphilippe no seu ataque, a distanciar-se nos metros finais para ser segundo, a 47 segundos, e Kragh Andersen a ser o primeiro dos restantes, a 52. O pelotão, liderado por Sagan e onde seguia o camisola amarela Primoz Roglic, cortou a meta a 02.30 minutos.
Na véspera de uma incursão no Maciço Central, que inclui sete contagens de montanha e uma chegada em alto, coincidente com uma das duas contagens de primeira categoria da jornada, as contas da geral mantiveram-se imutáveis, com o esloveno da Jumbo-Visma a liderar com 21 segundos de vantagem para o colombiano Egan Bernal (INEOS) e 28 para o francês Guillaume Martin (Cofidis), respetivamente segundo e terceiro da geral individual.
A amarela de Roglic vai ser posta à prova na sexta-feira, nos 191,5 quilómetros entre Châtel-Guyon e o alto de Puy Mary, numa 13.ª tirada para a qual o português Nelson Oliveira (Movistar), que hoje perdeu mais de 13 minutos para o vencedor, vai partir na 58.ª posição, a 01:18.43 horas do líder da geral.
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