O português Tiago Machado (Katusha) criticou esta terça-feira o número excessivo de equipas na Volta ao Algarve, considerando que pode ser perigoso ter um pelotão de quase 200 ciclistas.
“Está aqui um pelotão muito numeroso, mais numeroso do que as nossas estradas permitem, mas assim a organização o entendeu. Põem 200 ciclistas a passar onde mal passa um carro. Às vezes, tanto querem fazer, que fazem mal. 18, 20 equipas era o ideal, 24 peca por excesso”, defendeu o terceiro classificado da última edição, numa conferência de imprensa realizada numa unidade hoteleira de Lagoa.
Tiago Machado não vê como problema a participação das seis equipas nacionais – “eles são profissionais como nós” -, mas sim os 192 corredores que estarão nas estradas algarvias entre quarta-feira e domingo.
“Para esta prova, 24 é de mais. Com menos, o risco de quedas era menor”, completou.
O português da Katusha recusou assumir o seu favoritismo ao triunfo final – “Eu não assumo nada. Assumi a paternidade do meu filho, porque é a minha fotocópia” -, mas foi dizendo que está na ‘Algarvia’ para fazer melhor do que nos anos anteriores.
“É um percurso que se adapta mais a mim, se eu estiver bem. Se for a olhar para o peso, a condição esta igual. Mas não há anos iguais. Trabalhei para chegar aqui no pódio. Vamos tentar fazer a corrida para ganhar, porque onde está a Katusha é para ganhar”, admitiu.
Ao seu lado, o diretor desportivo José Azevedo corroborou esta versão: “Olhando ao perfil da corrida, trazemos corredores mais focados na montanha. Nós vamos às corridas para correr. Independentemente do resultado final, vamos às corridas para lutar pela vitória final. Os ciclistas da Katusha sabem que têm de lutar pela vitória ou pelo melhor resultado possível”.
O português, que vai comandar a formação russa no Algarve, apontou Tiago Machado como um dos líderes, a par do estónio Rein Taaramae, mas não excluiu Joaquim Rodríguez e Ilnur Zakarin da luta pelos primeiros lugares.
Questionado sobre a distância das etapas, duas das quais com quase 200 quilómetros, Azevedo considerou que essas tiradas serão uma boa preparação para as clássicas.
“Eu acho que as corridas são feitas para se correr, não para treinar. Muitas vezes dizem que as equipas do WorldTour vêm a Portugal para treinar. É um erro. Podem vir cá com outro líder, mas a figura trabalha para a equipa. Muitos corredores que saem daqui vão fazer as clássicas e fazer uma etapa de 200 quilómetros não retira competitividade à prova, no seu global. Se fosse diariamente, a corrida teria de ser gerida de outra forma. Se fizermos alguma de 200 não vejo nenhum problema, sobretudo se for plana. Penso que para cativar os corredores das clássicas é uma boa opção”, analisou.
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