Movistar mostrou hoje que a Sky não é imbatível, afastando o australiano Richie Porte do segundo lugar da geral, e colocando Rui Costa entre os dez primeiros da 100.ª Volta a França em bicicleta.
Na nona etapa, ganha pelo irlandês Daniel Martin (Garmin), o plano da Movistar dificilmente podia ter corrido melhor: Richie Porte está totalmente afastado da luta pela geral, Alejandro Valverde subiu ao segundo lugar e o português Rui Costa, que hoje atacou e trabalhou na frente para o seu líder, entrou no “top 10”.
Para a estratégia ser perfeita só faltou roubar a camisola amarela a Chris Froome e festejar a vitória de etapa, bem entregue a Martin, o melhor no “sprint” final a dois com Jakob Fuglsang (Astana) à chegada a Bagnères-de-Bigorre.
«Estava confiante. Sabia que poderia produzir a velocidade que queria depois de uma etapa tão dura, mas nunca se pode ter a certeza. Passar a linha e perceber que ganhei uma etapa no Tour foi espetacular», descreveu o irlandês, vencedor da Liège-Bastogne-Liège e da Volta à Catalunha esta época.
O plano estava bem estudado: com quatro contagens de primeira categoria e uma de segunda nos 168,5 quilómetros entre Saint-Girons e Bagnères-de-Bigorre, a Movistar decidiu mexer a corrida logo no Col de Menté, lançando à vez para o ataque alguns dos seus principais nomes, incluindo Rui Costa, para obrigar a Sky a responder.
A estratégia da equipa espanhola, que lidera a classificação coletiva, deu resultado, com a formação britânica a acusar o cansaço do esforço extraordinário da etapa anterior e a perder peças à medida que se subia, de tal modo que, no col de Peyresourde, já o segundo classificado na geral estava atrasado.
Enquanto Richie Porte sofria para tentar apanhar o grupo de favoritos e minimizar os danos da derrota – o esforço foi inglório, porque na meta perdeu 18 minutos -, Chris Froome tentava, completamente sozinho, responder aos ataques à sua camisola amarela.
Mais preocupado com os avanços dos corredores da Movistar, nomeadamente do irrequieto Nairo Quintana, do que com a etapa em si, o líder da Sky pouco fez para apanhar Martin e Fuglsang, que na ascensão para La Hourquette d'Ancizan fugiram e construíram uma pequena margem para gerir na luta pela etapa.
Com a equipa espanhola a liderar sem grande esforço o grupo dos candidatos, lado a lado com a Belkin, o duo de fugitivos chegou isolado à meta, com o triunfo a ser conquistado pelo sobrinho de Stephen Roche, antigo vencedor do Tour e do Giro.
«Foi uma jornada muito difícil, uma das mais difíceis que vivi na bicicleta. Mas controlei sempre o grupo. A tática era simples. Devia colar-me às rodas e seguir. O que aconteceu aos meus colegas é normal com todo o trabalho que fizeram ontem, pagaram o esforço», revelou Froome, que mantém os 01.25 minutos de avanço sobre Valverde, agora segundo.
Rui Costa subiu ao 10.º lugar da classificação geral, a 2.45 minutos do chefe de fila da Sky, depois de ter terminado a tirada de hoje na 20.ª posição, a 20 segundos de Martin.
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