Primoz Roglic ainda sente as mazelas deixadas pela queda no Tour, prevendo ir melhorando à medida que a 79.ª Volta a Espanha em bicicleta for avançando, mas sem assumir ser candidato a um quarto triunfo na prova.
“Ainda a sinto [a queda], sobretudo nas minhas costas. Vou precisar de tempo para que não a sinta. Expectavelmente, no final da Vuelta estarei bem. Estou ansioso por isso”, desabafou hoje o esloveno, numa videoconferência promovida pela BORA-hansgrohe.
Primoz Roglic foi forçado a abandonar a 111.ª Volta a França, na sequência de uma queda na 12.ª etapa - a sua 17.ª em competição desde o Critério do Dauphiné de 2020 -, e, posteriormente, revelou ter sofrido uma fratura na região lombar, confessando hoje ainda sentir dores quando pedala.
“Cada semana está um pouco melhor, mas isto não desaparece numa noite, nem em uma, duas semanas. É preciso tempo para não sentir. Claro que estou bem o suficiente para correr, por isso é que estou aqui. Se não me sentisse bem, não viria. Mas não competi desde então. Tenho de ver como me sinto dia após dia, com as mudanças de ritmo. Tenho de ver como será a dor. Estou otimista e espero que passe e que me sinta melhor”, afirmou.
Tricampeão da prova espanhola, que venceu entre 2019 e 2021, o líder da BORA-hansgrohe garante não haver dúvidas sobre a sua condição, antes do arranque da 79.ª edição no sábado em Lisboa, notando que o processo de recuperação “não pode ser acelerado”.
“Definitivamente, foi muito difícil de lidar. Pões tanto trabalho nisso. E, no fim, não sou só eu, toda a minha família se sacrifica para eu poder fazer o que faço. Mas, por outro lado, na vida tens sempre desafios, coisas para ultrapassar. Estou contente por ter tido o apoio e a confiança para de algum modo poder voltar a focar-me e preparar-me para esta Vuelta”, avaliou, ao ser questionado sobre o impacto que a queda na Volta a França teve em si.
‘Rogla’, que somou a terceira desistência consecutiva no Tour, reconheceu ainda que tinha boas sensações na prova francesa, na qual ocupava a quarta posição antes de cair.
“Quanto à vitória, não diria que sim [podia ganhar], apesar de estar lá [no topo da geral]. Para o pódio, iria tentar. Da minha parte, foi muito bom estar, nos dias em que lá estive, na disputa com os melhores ciclistas do mundo. Foi algo de que senti falta nos anos anteriores. Foi algo de bom”, sustentou.
Com um percurso profissional marcado por quedas, o esloveno de 34 anos diz que a solução será “tentar estar numa melhor posição” no pelotão.
“Mas todos querem estar na frente. No ciclismo moderno, as quedas são algo comum. Não há como evitar. Até no fundo do pelotão pode acontecer um azar. Tenho de tentar estar no sítio certo, além de desfrutar da bicicleta”, completou.
Terceiro classificado na Vuelta2023, atrás dos então companheiros Sepp Kuss e Jonas Vingegaard, Roglic saiu da Visma-Lease a Bike insatisfeito precisamente com as táticas da equipa na passada edição e, hoje, tem o norte-americano, anteriormente seu fiel escudeiro, como rival.
“É um pouco estranho. Ontem [quinta-feira] quase me juntei a eles na apresentação. Ao sair do pódio, falei muito com o Sepp. Claro que é estranho, depois de tantos anos a correr juntos. Mas, por outro lado, quando sairmos para a estrada, tentaremos alcançar o melhor resultado. Será um bom desafio correr contra ele”, antecipou, excluindo uma aliança com a Visma para derrotar a poderosa UAE Emirates de João Almeida.
Contente por poder alinhar na Vuelta depois do que aconteceu no Tour, o campeão do Giro2023 quer ir dia a dia, ver como se sai e como os adversários correm e, só depois, delinear táticas.
“Agora, tenho de ser realista comigo mesmo, para perceber em que ponto estamos, para tomar decisões que nos levem ao melhor resultado possível. Claro que o melhor é ganhar, mas temos de ver”, defendeu.
O esloveno falou ainda sobre o episódio que marcou a apresentação das equipas na quinta-feira, junto à Torre de Belém, em Lisboa, em que se atrasou, não apareceu com os seus companheiros da BORA-hansgrohe e, depois, quase se juntou aos antigos colegas da Visma-Lease a Bike, antes de acabar por subir ao palco sozinho.
“Estava muita gente. Tentei dar a todos autógrafos e fotos. Até tentei estudar português e é muito complicado, por isso é que cheguei atrasado”, justificou bem-disposto.
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