O 13 tornou-se hoje o número da sorte para Marcel Kittel (Quick Step-Floors), que, graças ao triunfo na 10.ª etapa, se tornou no ciclista alemão mais vitorioso das 104 edições da Volta a França.
Ao erguer os braços em Bergerac, uma imagem que se repetiu pela quarta vez neste Tour, Kittel deixou definitivamente para trás aquele que era o símbolo máximo do ‘sprint’ do seu país, o retirado Erik Zabel, que, entre 1996 e 2001, vestiu por seis vezes (um recorde) a camisola verde da regularidade no pódio final e conquistou 12 triunfos na prova francesa.
“Claro que este recorde significa algo para mim. Nem sei como ganhei tantas etapas no Tour. Nunca esperei nada assim quando comecei a minha carreira. Nem, sequer, estar no Tour. A determinada altura, desejei tornar-me profissional, mas nunca imaginei que o seria, a este nível, com estas vitórias. Sinto que estou a viver numa pequena bolha, num mundo pequenino, que não é real”, confessou um emocionado Kittel, depois de ser o melhor no final dos 178 quilómetros entre Périgueux e Bergerac.
A jornada começou igual a tantas outras para o ‘sprinter’ da Quick Step-Floors. Ainda se percorriam os primeiros metros da 10.ª etapa e já Yoann Offredo (Wanty-Groupe Gobert) estava em fuga. O francês, que teve de esperar 11 anos para se estrear no Tour, foi denunciando a sua vontade de ter companhia, um apelo respondido por Elie Gesbert (Fortuneo-Oscaro), o ciclista mais jovem (22 anos) desta 104.ª edição.
O duo francês colaborou na perfeição para conquistar uma margem que, durante longos quilómetros, foi superior a cinco minutos, mas que, na aproximação à meta, foi decaindo, graças, uma vez mais, ao trabalho de Tiago Machado (Katusha Alpecin) e dos homens da Quick Step-Floors e da Lotto Soudal.
Depois de absorvidos os fugitivos, a sete quilómetros de Bergerac, todos os ‘sprinters’ que escaparam à razia dos nove primeiros dias, apresentaram-se na frente do pelotão para denunciar o seu propósito. Mas, como aconteceu em Liège (2.ª etapa), Troyes (6.ª) e Nuits-Saint-Georges (7.ª), Kittel deixou que outros se lançassem na frente, resguardando-se do vento até ao último momento.
Num ‘sprint’ tirado a papel químico das suas anteriores vitórias nesta edição, o 'bom gigante' alemão, tão conhecido pelo currículo assombroso (aos 29 anos, soma já 85 triunfos) como pelo cabelo imaculado, veio de trás para a frente, impondo-se facilmente ao compatriota John Degenkolb (Trek-Segafredo) e ao promissor holandês Dylan Groenewegen (LottoNL-Jumbo) – quando o viu arrancar, o veterano André Greipel (Lotto Soudal) simplesmente deixou de pedalar.
Nunca como este ano o domínio deste ex-especialista em contrarrelógio (foi campeão mundial júnior em 2005 e 2006) foi tão evidente: com 11 etapas, quatro das quais dedicadas aos homens velozes, ainda por completar, o ciclista de Arnstadt já igualou os quatro triunfos somados nas edições de 2013 e 2014 do Tour.
“É ele o mais forte nos ‘sprints’ deste Tour. Ganhou quatro em cinco, não há grande coisa a fazer”, reconheceu, em nome do grupo, o francês Nacer Bouhanni (Cofidis), sexto na etapa.
E, com Peter Sagan de fora, Kittel pode, pela primeira vez, aspirar efetivamente a vestir a camisola verde em Paris, em 23 de julho, num pódio virtual no qual, para já, continua, de pedra e cal, o britânico Chris Froome (Sky).
Numa jornada sem percalços para os homens da geral, que chegaram todos integrados no pelotão com as mesmas 4:01.00 horas do vencedor, o tricampeão da Volta a França manteve as diferenças para a concorrência: tem o segundo classificado, o italiano Fabio Aru (Astana), a 18 segundos, e o terceiro, o francês Romain Bardet (AG2R La Mondiale), a 51.
Na quarta-feira, Froome tem nova jornada tranquila nos 203,5 quilómetros entre Eymet e Pau, para os quais Tiago Machado (Katusha Alpecin) vai partir na 57.ª posição, a 47.32 minutos.
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