Nelson Oliveira revelou hoje à Lusa que ainda está indeciso quanto à troca de bicicleta antes dos quilómetros finais do contrarrelógio dos Mundiais de ciclismo, depois de ter descoberto que a subida é mais exigente do que esperava.
“É bastante duro, mais duro do que eu esperava. É para um especialista, isso é óbvio. Eu gosto do percurso, porque é duro, mas a diferença real vai estar na última subida. Mas já o percurso cá em baixo vai fazer bastante diferença”, analisou à Agência Lusa o ciclista da Movistar, imediatamente após ter feito o reconhecimento do traçado de 31 quilómetros do ‘crono’.
Depois de ter escalado o Mont Floyen, a subida final de 3,4 quilómetros, com uma pendente média de 9,1%, Nelson Oliveira ficou hesitante relativamente à tática a utilizar na prova de quarta-feira.
“Aqui, o problema é que ainda estou indeciso se troco de bicicleta ou não. Experimentei das duas maneiras (subir com a ‘cabra’ de contrarrelógio e com uma bicicleta de estrada), mas ainda não sei. Temos de trocar de bicicleta numa reta, mesmo no início da subida. Ou seja, vimos um bocadinho lançados e não sei se compensa ou não. O tempo que vamos ganhar com a bicicleta de estrada não sei se justificará. Alguma coisa ganhamos, mas não sei se vale realmente a pena, porque também perdemos alguns segundos na troca”, explicou.
O quatro vezes campeão nacional de elites da especialidade (2011, 2014, 2015 e 2016) preferiu não apontar um objetivo específico para o seu exercício contra o cronómetro, mas indicou que sente que as pernas estão bem e que recuperou na perfeição da Volta a Espanha.
“Durante os treinos percebi que as pernas não estão más e do peito [esteve constipado] também já estou a 100 por cento. Espero que aqui as coisas saiam bem. Não quero dizer que vou fazer um ‘top 10’. Se melhorar o resultado do ano passado já é bom, porque foi uma desgraça”, disse, referindo-se ao 20.º posto alcançado nos Mundiais do Qatar.
Eterna esperança lusa para uma medalha mundial, o ciclista da Vilarinho do Bairro (Anadia) reconheceu que estar no pódio continua a ser um sonho. “Sempre foi um sonho e não deixa de ser possível até ao último dia da minha carreira. Nunca se sabe”, completou.
Aos 28 anos, e depois de ter sido sétimo nos ‘cronos’ do Mundial de Ponferrada2014 e dos Jogos Olímpicos Rio2016, Oliveira garantiu que não sente que o tempo para chegar às medalhas esteja a escassear.
“Veja-se o caso do [Vasil] Kiryienka, que só aos 36 anos é que foi campeão do Mundo [em Richmond2015]. Tens de estar num dia bom, num ‘super’ dia. Ritmo sei que não me falta, porque venho da Volta a Espanha. A subida não me surpreende muito, porque estou habituado às da Volta a Espanha, que são bastante mais duras. É dar ao pedal e dar o melhor”, prometeu.
O mais laureado ciclista português em contrarrelógios disse ainda que não vai usar a sua prestação em Bergen para se ‘vingar’ do que aconteceu nos Campeonatos Nacionais deste ano, nos quais não alinhou porque não foi avisado da mudança de horário da sua partida.
“O que aconteceu é passado e não quero pensar nisso. Mas, quando venho para um Mundial, venho sempre para fazer o meu melhor. É isso que prometo para amanhã (quarta-feira)”, rematou.
Além do português da Movistar, Portugal também se vai fazer representar por Rui Costa no contrarrelógio de quarta-feira. O ciclista da UAE Team Emirates não compete num ‘crono’ em Mundiais desde 2011, quando foi 49.º em Copenhaga (Dinamarca).
Rui Costa, que foi campeão mundial de fundo em 2013, vai partir para a estrada às 12:51, enquanto Oliveira inicia o seu exercício às 15:12, antes do grupo de favoritos, que inclui o britânico Chris Froome (Sky), vencedor do Tour e da Vuelta, o holandês Tom Dumoulin (Sunweb), vencedor do Giro, e o alemão Tony Martin (Katusha-Alpecin), o campeão em título.
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