O selecionador nacional, José Poeira, antecipou hoje uns Mundiais de ciclismo de estrada “imprevisíveis”, num percurso típico das clássicas da Flandres, desadequado às características dos corredores portugueses, e que permitirá uma nova experiência aos mais jovens.

“[Mundiais] são sempre imprevisíveis. Este é feito num percurso, numa situação de corrida, que é a das clássicas da Flandres, que nem todos [os ciclistas portugueses] estão habituados a fazer. Há uns que se adaptam mais, outros que se adaptam menos, mas é sempre uma corrida que é uma incógnita”, disse à Lusa o selecionador português.

O centenário do Campeonato do Mundo, que decorre entre domingo e 26 de setembro, celebra-se na região belga da Flandres, uma das ‘pátrias’ do ciclismo, que acolhe os mais conceituados corredores do panorama velocipédico internacional com aquilo que de melhor tem para oferecer: “paralelo e estradas estreitinhas”, além de “descidas inclinadas, e depois aqueles topos, curtos, mas empinados”, nas palavras de José Poeira.

“Há alguns dos nossos ciclistas, como o Rui Oliveira, que tem feito ali algumas competições e até gosta. O Nelson também fez algumas provas ali e também gosta. É uma corrida um bocado de sorte, para além da perspicácia. É muito importante como se está colocado. Não há uma grande certeza do que poderá acontecer, nem para nós, nem para os outros”, anteviu o selecionador, referindo-se especificamente à 'prova rainha' dos Mundiais, a de fundo de elites, agendada para 26 de setembro.

Nesse dia, Portugal será representado por João Almeida (Deceuninck-QuickStep), Nélson Oliveira (Movistar), Ruben Guerreiro (EF Education-Nippo), Rui Oliveira (UAE Emirates), Rafael Reis (Efapel) e o estreante André Carvalho (Cofidis).

Mas, antes desse momento alto, há outros a que os adeptos lusos deverão estar particularmente atentos, como o contrarrelógio que, no domingo, inaugura o Campeonato do Mundo, e que terá a participação do incontornável Nélson Oliveira, quarto naquela especialidade nos Mundiais de 2017 e quinto no ano seguinte, e de Rafael Reis, quarto classificado nos sub-23 em Ponferrada2014.

“O Nélson mostrou no Europeu que está a andar bem. Foi trabalhar para os colegas, seguiu um plano, e notou-se que está fisicamente bem. É um contrarrelógio longo, como ele gosta, é mais plano – nesse aspeto não é tão bom. É o que é, vamos ver como ele vai estar nesse dia. E o Rafael, é uma experiência no Mundial em elites, já que em sub-23 ele chegou a correr. É um contrarrelógio longo, vamos ver o que vai fazer”, disse.

Com início na praia de Knokke, junto ao Mar do Norte, o ‘crono’ dos Mundiais Flandres2021 percorre 43,3 quilómetros até Bruges, onde vai ser coroado o sucessor do italiano Filippo Ganna.

“O Nélson já fez muitos resultados nos 10 primeiros. Fez a Volta a Espanha, os Europeus e penso que vai estar bem. Agora, há uma nova vaga de contrarrelogistas mais novos, que apareceu, e temos de contar com eles também”, completou.

O selecionador das equipas masculinas de Portugal traçou ainda, nas declarações à agência Lusa, as perspetivas para os mais jovens, nomeadamente os juniores, que espera que “possam melhorar alguma coisa” nos Mundiais, até porque “a experiência acumulada” nos Europeus pode “servir para que estejam melhor” no evento belga.

“É uma novidade, mas pelo menos os dois que correram no Europeu na estrada estiveram bem. Se calhar, não finalizaram assim tão bem, mas é uma questão de perspicácia, e de falta de contacto a este nível, e alguma inexperiência, mas fisicamente estavam muito bem. Têm um bom potencial, vamos ver como se comportam na estrada”, anteviu, referindo-se aos sub-23.

Miguel Salgueiro (LA Alumínios-LA Sport), Pedro Miguel Lopes (Kelly-Simoldes-UDO), que representaram Portugal nos Europeus, e Fábio Costa (Efapel) alinham na prova sub-23 masculina, com os também ‘europeístas’ António Morgado e Gonçalo Tavares (Bairrada), que estarão no ‘crono’, a liderarem nos juniores uma formação completa com Diogo Pinto (Academia Joaquim Agostinho-CYR-UDO) e Lucas Lopes (Póvoa de Varzim-CDC Navais).