A espectadora francesa que provocou a violenta queda de grande parte do pelotão logo na etapa inaugural do Tour 2021, que ainda se encontra sob custódia da polícia francesa apesar de a organização da Volta à França já ter avançado que não irá apresentar queixa, deu conta do seu arrependimento em relação ao sucedido. "Fiz uma figura ridícula", afirmou, em declarações reproduzidas pelo jornal italiano 'Gazzetta dello Spor'.

Segundo a polícia, a mulher de 30 anos encontra-se numa situação de "fragilidade pessoal". A sua detenção foi prolongada por mais 24 horas, até hoje esta sexta-feira, de forma a permitir a finalização dos atos em curso, como os aspectos médico-legais., explicaram as autoridades.

"Eu fiz uma figura ridícula. Estou envergonhada", admitiu a espectadora, recordando o momento em que, na primeira etapa do Tour, segurando um enorme cartaz de cartão (com a frase 'Forza vovô e vovó') já bem dentro da estrada para que pudesse ser filmada, derrubou o ciclista alemão Tony Martin provocando, dessa forma, a queda de dezenas de outros ciclistas.

Entretanto, a procuradora de Brest, Camille Miansoni, fez um balanço da situação junto dos jornalistas, esclarecendo que "a colocação em risco de terceiros pelo incumprimento voluntário das obrigações de prudência e segurança, causando involuntariamente lesões com prognóstico não superior a três meses implica uma pena de prisão até dois anos e acrescentando que a investigação não está encerrada.

Rsidente no Norte de Finisterra, a espectadora revelou estar "com medo das consequências de sua ação" e que se sentia angustiada pelo "hype que a sua ação teve nos órgãos de comunicação". A mulher, recorde-se, foi foi identificada pela polícia francesa na manhã de quarta-feira. As autoridades policiais sublinharam que sublinhou "a última coisa que precisa de ser feita é prosseguir com um linchamento nos media ou nas redes sociais".

Para que tal não suceda, os organizadores do Tour decidiram até retirar a queixa. "Devemos lembrar as medidas de precaução, o público deve ter cuidado, mas essa história ganhou proporções loucas”, disse o diretor Prudhomme. A polícia francesa lançou um apelo no Facebook para encontrar a pessoa e recebeu mais de 4.000 mensagens, muitas delas com insultos e ameaças à espectadora.

Não se sabe ainda como irá proceder Marc Soler, ciclista espanhol da Movistar envolvido na queda e que em virtude sofreu fraturas nos dois braços, acabando por abandonar o Tour. Em declarações ao 'La Vanguardia', Soler admitiu que estava a ponderar avançar com um processo judicial contra a espectadora. "Estou a pensar em avançar, sinto muita raiva. Tudo que eu fiz para me preparar para o Tour foi parar ao lixo e essa pessoa, obviamente, não sabe o que é andar de bicicleta. O nosso sindicato deveria defender-nos, mas faz pouco. E a UCI só se preocupa com regras estúpidas como a das garrafas de água", criticou.