O ciclista neerlandês Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceuninck) mostrou-se hoje magistral ao vencer pela primeira vez a clássica Paris-Roubaix, o quarto ‘Monumento’ da carreira, numa ‘dobradinha’ da equipa, que colocou o belga Jasper Philipsen no segundo lugar.
A melhor versão de ‘MVDP’, de 28 anos, permitiu-lhe triunfar no ‘Inferno do Norte’, hoje abençoado com sol e bom tempo, cumprindo os 256,6 quilómetros entre Compiègne e Roubaix em 5:28.41 horas, na mais rápida edição de sempre, disputada a uma média de 46,8 quilómetros por hora.
Philipsen venceu um sprint a dois com o compatriota e grande rival de Van Der Poel, Wout van Aert (Jumbo-Visma), remetido para terceiro, com ambos a 46 segundos do vencedor da ‘Rainha das Clássicas’.
Van Aert tinha ajudado a selecionar a corrida, a 102 quilómetros da meta, aproveitando o setor de Haveluy, um dos muitos de ‘pavé’ (empedrado) que marcam esta prova, estabelecendo uma ‘fuga de luxo’.
Além do trio, seguiam no grupo nomes como o suíço Stefan Küng (Groupama-FDJ), o alemão John Degenkolb (DSM), o dinamarquês Mads Pedersen (Trek-Segafredo) ou o italiano Filippo Ganna (INEOS).
Van Der Poel atacou uma, duas, três vezes, e depois conseguiu isolar-se, antes de Van Aert o apanhar, adiantar-se, e o ‘azar’ bater, depois, à porta: um furo deixou o grande rival fugir para a vitória, que teve tempo de saborear no velódromo, e o sprint com Philipsen ainda o relegou para o último lugar do pódio.
Antes, Degenkolb foi ‘encostado’ por Philipsen e acabou por cair, mas ainda acabou em sétimo, com Pedersen em quarto, Küng em quinto e Ganna em sexto, no dia da Jumbo-Visma ter azar: o neerlandês Dylan van Baarle, antigo vencedor, teve de abandonar devido a queda, e o francês Christophe Laporte só pôde ser 10.º após dois furos.
O ‘pedregulho’ que o consagra pela primeira vez como ‘Rei do pavé’ comprova uma grande temporada nas clássicas, em que venceu a Milão-Sanremo e agora em Roubaix, dois dos quatro ‘Monumentos’ da carreira – só falta a Liège-Bastogne-Liège e a Volta à Lombardia, depois de dois triunfos na Volta a Flandres, em que este ano foi segundo.
Se o ‘campeoníssimo’ neerlandês continua a engrandecer a lenda, as dúvidas amontoam-se quanto a Van Aert, o grande rival, que soma apenas um ‘Monumento’, a Milão-Sanremo de 2020, quando soma 28 anos e uma miríade de segundos e terceiros lugares que sabem a pouco.
“Senti-me forte e tentei alguns ataques, mas estava difícil deixá-los para trás. No último setor, Degenkolb caiu e tive de fechar o espaço para o Wout, e aí ele furou. Estava sozinho na frente e fui a fundo até ao fim”, contou o vencedor.
O novo campeão, neto de Raymond Poulidor e ‘classicómano’ assumido, reconheceu o “sonho” que é engrandecer o palmarés com mais uma vitória, a 42.ª na estrada enquanto profissional, mas seguramente uma das maiores, ao lado do ‘bis’ na ‘Ronde’, de duas Através da Flandres, a Milão-Sanremo, a Strade Bianche e a Amstel Gold Race, isto só em clássicas.
“É extraordinário, especialmente ao entrar no velódromo sozinho. Fizemos primeiro e segundo. Vamos celebrar muito, porque pode nunca mais acontecer. (...) Ao passar por Van Aert, percebi que tinha um problema, o que foi azar, porque de outra forma estaríamos os dois a disputar o final”, admitiu.
Van Aert, por seu lado, mostrou-se pouco conformado com a “má sorte”, até porque se sentiu “forte e bem o dia todo” e parecia ser o ciclista em melhores condições durante grande parte da corrida, que ajudou a ‘partir’.
Rui Oliveira (UAE Emirates) foi o melhor português em prova, no 52.º posto, a 6.48 minutos, com André Carvalho (Cofidis) em 94.º, a mais de 17 minutos.
O próximo ‘Monumento’ do ciclismo mundial disputa-se em 23 de abril, no caso a Liège-Bastogne-Liège, aí com outros protagonistas, nomeadamente o duelo entre o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), já vencedor da Volta a Flandres este ano, e o belga Remco Evenpoel (Soudal-Quick Step), campeão do mundo de fundo.
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