Ruben Guerreiro espera estar novamente na discussão d’O Gran Camiño, ambicionando um top 5 na geral final de uma prova que servirá para preparar o regresso à Volta a Itália em bicicleta.
Chamado à última hora pela Movistar para alinhar na corrida galega, depois de a Volta à Andaluzia ter quatro de cinco etapas canceladas, o português de 29 anos saiu do primeiro dia nas montanhas no sexto lugar da geral, a 53 segundos do líder, o dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), e com as ambições de repetir um lugar no pódio intactas.
“Preparámos a [Clássica da] Figueira da Foz e outras corridas agora de início da temporada e foi um pouco chato não correr na Andaluzia. Esta corrida não estava prevista, mas cai sempre bem. É uma corrida interessante, pena ser tão frio e as condições nunca ajudarem, mas acho que é uma boa preparação, com um pelotão muito bom, para apurar um pouco também a forma”, analisou.
Em entrevista à Lusa, o terceiro classificado da segunda edição d’O Gran Camiño reconheceu ter a ambição de estar novamente na luta pela geral.
“A de hoje, mas, sobretudo, a de domingo são etapas muito duras. Espero chegar na frente, o top 5, top 6 era um objetivo”, confessou, antes da terceira etapa, uma ligação de 173,1 quilómetros entre Xinzo de Limia e Castelo de Ribadavia, com 2.340 metros de desnível acumulado.
Guerreiro deixou boas indicações logo no contrarrelógio neutralizado do primeiro dia, que, admite, “foi pena não contar” para a geral, devido ao progresso registado na luta contra o cronómetro, uma especialidade em que tem “trabalhado bastante”.
Depois da prova galega, o ciclista de Pegões Velhos (Montijo) fará o Paris-Nice (03 a 10 de março), que “tem um contrarrelógio por equipas e outras etapas também bastante duras”, nomeadamente para perceber qual é o seu “nível este ano”, seguindo-se a Volta ao País Basco (01 a 06 de abril).
“Não sei se dá para fazer [as clássicas das] Ardenas, porque, normalmente, o objetivo é chegar bem à Volta a Itália deste ano”, revelou, detalhando que a Movistar lhe dará liberdade na ‘corsa rosa’, até por não saber o que poderá fazer o colombiano Nairo Quintana, de regresso ao pelotão após um ano sem competir.
Guerreiro voltará, assim, à grande Volta onde mais se destacou - foi ‘rei’ da montanha e venceu uma etapa na edição de 2020 – e na qual não compete desde 2021, quando desistiu devido a uma queda.
“Vou um pouco como ‘caça-etapas’, ao estilo dos últimos anos, um pouco livre. Não tenho tido muita sorte no Tour, nem na Volta a Espanha e, às vezes, há que mudar um pouco. Gostava de voltar ao Tour, nunca se sabe, mas este ano parece que vai ser o Giro”, antecipou o corredor, que desistiu das últimas três ‘grandes’ em que participou – Vuelta2023 e duas últimas edições da Volta a França – devido a queda ou doença.
O ciclista português da única equipa espanhola do WorldTour também não esconde que gostaria de estar na Volta a Espanha, que este ano sai de Portugal, ‘palco’ das três primeiras etapas da prova que decorre entre 17 de agosto e 08 de setembro.
“Agora, nesta fase da minha carreira, gostava de correr um pouco mais em Portugal. Talvez com a Movistar seja um pouquinho mais fácil: já fizemos a Figueira, não fomos ao Algarve, porque tínhamos a Andaluzia e a Colômbia, mas campeonatos nacionais e assim. Acho que temos de fazer um pouco pelo ciclismo em Portugal, já que se faz tão boas e bonitas corridas”, defendeu.
Guerreiro quer tentar estar mais presente no e pelo país, desvendando que o selecionador nacional, José Poeira, já o informou que estará na ‘long list’ de Portugal para as provas de estrada dos Jogos Olímpicos Paris2024.
“Nos últimos anos, não tenho tido muita sorte, por várias razões, em corridas com a seleção, mas sempre tentei esforçar-me ao máximo e sempre tentei ser o máximo competente, e acho que um dia vai correr bem e espero que confie em mim”, completou.
Mas, ao ser questionado sobre o que seria um verdadeiro bom balanço no final de 2024, o ‘Cowboy de Pegões’, disparou: “Sobretudo, evitar quedas e desistências, ser o mais regular possível, tentar continuar a evoluir, porque a minha carreira tem sido sempre um pouco de altos e baixos e nunca consegui fazer uma progressão boa. Mas acho que nos últimos anos têm saído vitórias e corridas boas, que é o mais importante”.
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