O duelo entre Scott McGill e João Matias conheceu hoje novo ‘round’, com o ‘sprinter’ norte-americano a levar a melhor sobre o ciclista português na sexta etapa da Volta a Portugal, relançando a luta pela classificação dos pontos.
Cruzada a meta na Maia, onde uma verdadeira multidão esperava os corredores, Matias ainda pediu ao colégio de comissários para rever as imagens, mas acabou por aceitar, com grande fair play, que o ciclista da Wildlife Generation tinha sido simplesmente melhor no ‘sprint’ final’.
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“Acabámos por não fazer protesto nenhum. A verdade é que, por momentos, acreditava que podia passar pela direita e, se calhar, devia ter forçado mais a passagem. Acabei por hesitar um bocado e, nestes momentos de ‘sprint’, quem hesita um minuto que seja, se calhar acaba por pagar caro”, reconheceu o ciclista da Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados, que cumpriu a sexta tirada no segundo lugar, nas mesmas 03:48.18 horas do vencedor.
Depois de conquistar a primeira etapa, Scott McGill ‘vingou-se’ hoje de Matias, o ciclista que lhe negou o triunfo na segunda e quarta tiradas, ‘roubando-lhe’ a camisola verde e empatando uma luta que promete estender-se até ao final da Volta a Portugal, que continua a ter Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor) como líder da geral.
“O mais bonito disto é que eu já levo duas vitórias, ele leva outras duas. Ele é um adversário excelente, é dos melhores adversários que encontrei na minha carreira desportiva. Acabe como acabe, vamos estar felizes. Tem sido uma guerra bonita”, enalteceu o ‘pistard’ luso.
Sempre sintético, o norte-americano de 23 anos não rejeitou o desafio, prometendo que, agora, irá tentar somar um terceiro triunfo, para “manter a camisola”.
A etapa menos atrativa da 83.ª edição – os 159,9 quilómetros entre Águeda e Maia decorreram maioritariamente em polígonos industriais, numa estrada nacional EN 1 desprovida de pontos de interesse, com ‘ruínas’ fabris de outros tempos a pontuar a paisagem – foi-o também em termos competitivos, já que até ao quilómetro 65 nenhuma fuga vingou.
Foi preciso esperar pela iniciativa de Keegan Swirbul (Human Powered Health), Unai Cuadrado (Euskaltel-Euskadi), Tiago Antunes (Efapel), Luís Gomes (Kelly-Simoldes-UDO), Hugo Nunes (Rádio Popular-Paredes-Boavista), Márcio Barbosa (ABTF-Feirense) e José Mendes (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho) para que a história da tirada começasse a ser contada.
Aos sete, juntou-se depois Rafael Lourenço (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), com os fugitivos a construíram uma vantagem que ultrapassou os três minutos, mas foi progressivamente baixando graças ao trabalho da Wildlife Generation, que, a cerca de 30 quilómetros da meta, recebeu a ajuda da Tavfer-Mortágua-Ovos Matinados.
A diferença tardava em baixar e a Glassdrive-Q8-Anicolor, numa atitude que tem merecido várias críticas dos adversários nos bastidores da Volta a Portugal, juntou-se à perseguição aos fugitivos, alcançados a seis quilómetros da meta.
Robin Carpenter (Human Powered Health) e Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi) ainda tentaram surpreender o pelotão, saltando para a frente a cinco quilómetros da chegada, e quase foram felizes, mas, sob o olhar atento de uma entusiasmada multidão – a primeira desta edição –, viram a sua ousada aventura acabar a apenas 700 metros da meta.
A ligeira inclinação final não impediu o esperado ‘sprint’, com McGill a levar a melhor sobre Matias, e António Carvalho (Glassdrive-Q8-Anicolor), o quarto da geral, a ser terceiro, num dia em que os primeiros 10 da geral acabaram todos no pelotão.
Figueiredo, que hoje passou à porta de casa, em São João de Ver, de amarelo, num momento de grande emoção, manteve os sete segundos de vantagem sobre o companheiro uruguaio Mauricio Moreira, e os 38 sobre Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista).
Na sexta-feira, ‘Fred’ deverá ter um dia mais desafiante nos 150,1 quilómetros entre Santo Tirso e Braga, onde os ciclistas chegam depois de escalar o Sameiro, uma contagem de segunda categoria instalada a menos de 10 quilómetros da meta.
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