Frederico Figueiredo quer desfrutar da amarela como “se fosse o último dia” da Volta a Portugal, depois de ter destronado Maurício Moreira, que confessa que “perder a camisola para um colega é como se não a perdesse”.
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“Não é uma vantagem muito grande, mas é a vantagem que é, e agora vou desfrutar da camisola amarela como se fosse o último dia, porque é sempre importante ter uma camisola amarela numa Volta a Portugal”, declarou ‘Fred’ aos jornalistas, depois de vencer no alto do Observatório de Vila Nova e de assumir a liderança da geral.
Evidentemente feliz e deslumbrado com a situação nova que está a viver, o trepador da Glassdrive-Q8-Anicolor admitiu nem saber o que é verdadeiramente estar de amarelo na 83.ª Volta a Portugal.
“Ainda estou a aprender. Estou extremamente contente por estar de amarelo, não era um objetivo, mas sim o Mauricio [Moreira] manter a amarela, mas, visto que passou um mau bocado na parte mais inclinada da subida, ele deu-me autorização para eu tentar arrancar e ir discutir a etapa. Consegui discutir a etapa, ganhei, e ganhei algum tempo”, resumiu.
No entanto, o ciclista de 31 anos, que foi terceiro na edição especial da Volta a Portugal em 2020 e no ano passado foi decisivo para o desfecho da prova, ao atacar na etapa da Guarda para resposta do ainda bicampeão em título Amaro Antunes, está ciente de que a sua nova condição é uma realidade a prazo.
“Passa por um objetivo da equipa, não é um objetivo pessoal. É um objetivo da equipa ter a camisola amarela dentro de nós e poder vencer a Volta a Portugal, por isso é tentar levar até onde for possível. Se não for comigo e for dentro da equipa, já fico contente”, afirmou, lembrando que o líder da Glassdrive-Q8-Anicolor continua a ser Mauricio Moreira.
O uruguaio deu hoje mostras de uma debilidade inesperada, sendo relegado para a segunda posição da geral pelo seu companheiro, depois de ceder 37 segundos para ‘Fred’ na meta.
Ainda assim, ‘Mauri’ esta feliz, porque perdeu a amarela para Figueiredo. “Perder a camisola para um colega é como se não perdesse, porque vai ficar dentro da equipa e para mim é uma alegria enorme”, reconheceu.
“Eu, pessoalmente, tive um momento um bocado difícil na metade da subida. Falei para ele que arrancasse, e agarrasse a oportunidade, que eu ia gerir as forças e tentar subir até ao final. Correu tudo bem. A amarela passou para o Fred e, para mim, é uma alegria enorme porque acho que merece muito”, reforçou.
A estratégia da Glassdrive-Q8-Anicolor pareceu fratricida, mas quem a orquestrou, no caso o diretor desportivo da equipa, garante que não.
“Quem vê de fora, pode pensar dessa maneira. Esta era uma tática que estava desde início estipulada, há coisas que eu valorizo muito mais no ciclismo, como o companheirismo, e eu queria dar uma vitória ao Frederico Figueiredo e trabalhámos nesse aspeto”, explicou Rúben Pereira.
O diretor desportivo defendeu ainda que não é pelo facto de a amarela ter mudado de dono que o chefe de fila de Glassdrive-Q8-Anicolor mudou.
“O Mauricio continua a ser o nosso líder. O Mauricio é o maior candidato à vitória na Volta a Portugal, porque no contrarrelógio faz muita diferença para toda a gente. Apenas o Frederico irá levar a camisola nos próximos dias, mas nada muda dentro desta equipa e, inclusive, eles os dois têm um grande entendimento e foi o Mauricio que mandou arrancar o Frederico”, notou.
Rúben Pereira reconheceu também que era um objetivo seu “tranquilizar um bocadinho” Moreira, ‘libertando-o’ da pressão da amarela, de modo a que vá para a Senhora da Graça e para o contrarrelógio “tranquilo”.
“A vitória, certamente, estará nas mãos dele”, concluiu.
O vice-campeão de 2021 tem sete segundos de desvantagem para Figueiredo, com Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista) na terceira posição, a 38 segundos.
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